O começo já chama atenção, e muito por um impressionante trabalho de fotografia, assinada por André S. Brandão – o mesmo do impressionante preto e branco de Obra (2014), pelo qual foi premiado no Festival do Rio. Dessa vez ele vai no sentido contrário, e aposta nas cores vivas da mata ao lado da casa da avó da pequena Joana, que, impressionada por uma história de ninar um tanto macabra, e pelas artimanhas dos dois primos também em férias como ela, acaba se aventurando pela mata, intrigada pelo que pode – ou não – estar por lá à sua espera. A diretora Carla Saavedra Brychcy, também autora do roteiro, parte dessa premissa inocente para criar uma história de terror com toques de Stephen King – com referências assumidas a Carrie: A Estranha (1976), O Iluminado (1980) e, claro, Conta Comigo (1986) – porém numa visão totalmente brasileira. O resultado é estimulante, com sustos pontuais, porém não a ponto de assustar os mais frágeis. Ainda assim, é no excelente desempenho do elenco infantil, com destaque para a ótima Sofia Brandão, que o filme ganha sua força – inevitável aquele da audiência que não se imaginará no seu lugar. Um conto envolvente, bem executado e dono de uma direção segura que vai ao seu ponto de interesse sem atropelos nem exageros, ainda que não ignore o vermelho do sangue e outras ousadias.
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