Este curta-metragem parte de gestos tão afetuosos quanto insólitos. Grosso modo, acompanhamos diversos pescadores de uma vila acariciando os peixes recém-retirados das águas, como houvesse um acalento ao sofrimento deles antes da inevitável morte. O filme possui flagrantes qualidades visual e sonora. O diretor Jonathas de Andrade se apropria com personalidade da paisagem, evidenciando, também, por meio dos ruídos da natureza a esfera poética de uma prática singular. O problema aqui não é absolutamente de ordem técnica, advém da repetição dos procedimentos desses personagens. Quase sem variações, somos convidados a participar dos rituais íntimos, mas que perdem força simbólica e, talvez, abrangência na medida em que são tragados por um redemoinho de reincidências. Não há uma progressão clara, mas a intenção evidente de extrair significado, força puramente cinematográfica no que concerne à sua representação, do acúmulo de situações parecidas que acabam não se justapondo expressivamente e tampouco se imbricando satisfatoriamente. Chama a atenção, também, a agonia dos animais à beira da morte, fato contraposto pelas carícias que, de todo modo, não mitigam a agonia que vemos estampada frequentemente na tela, deixando uma sensação não necessariamente servidora do filme enquanto potência.
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