Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Pequena produção alemã, 5 Mulheres trata de um grupo de amigas que se reúne anualmente, durante um fim de semana, numa mansão no interior da França para colocar as fofocas em dia, beber, matar as saudades, dividir algumas refeições e boas risadas. É um momento de frescor, de dar uma pausa na rotina, sem a participação dos maridos, namorados e filhos. Como o título indica, são cinco personalidades femininas, cada uma muito distinta das outras. Existe a empresária, a artista plástica, a advogada, a atriz e também a personagem completamente perdida nas suas resoluções e nos seus objetivos de vida.
Podendo trilhar um caminho algo romanesco, digno de teatro, ou até mesmo uma “dramédia”, o diretor e também roteirista Olaf Kraemer, porém, logo subverte sua narrativa potencialmente leve para dar lugar a uma trama obscura, um psicodrama sobre as consequências da violência contra as mulheres. Se no começo a produção demora um pouco a vingar, devido aos exagerados planos de detalhe e a tentativa de criar um ambiente quase onírico ao apresentar o local e suas protagonistas, estas inseridas em um belo cenário campestre, logo o tom de mistério se instala, instigando e mantendo o espectador apreensivo em busca de uma resolução, sem imaginar qualquer rumo.
O principal embate da história se dá mais psicologicamente, por meio da personagem de Anna König, Marie, estuprada numa festa, anos atrás. O reencontro com as amigas é também um marco, pois, como expõe, o trauma parece ter sido superado ao canalizar seus sentimentos em algumas pinturas. Todavia, em determinada noite da reunião com as amigas, depois delas jantarem salada com cogumelos mágicos, Marie sofre uma tentativa de estupro novamente dentro da mansão. As amigas matam o homem, em legítima defesa, decidindo esconder o corpo. Entretanto, outra reviravolta se apresenta na trama quando um estranho bate à porta procurando pelo irmão, um surfista mudo que saiu em busca de ajuda após eles baterem o carro. Sob a influência das drogas, as mulheres começam a suspeitar que mataram um inocente.
Integrante da programação da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme de Kraemer faz sua estreia na América do Sul, se mostrando alinhado com outra produção selecionada para o evento brasileiro, o suspense Elle (2016), de Paul Verhoeven. Em ambos os filmes, se destacam o impacto e o trauma, elementos aliados à necessidade dessas mulheres de reconciliarem-se consigo mesmas, vingando a violação sofrida. Mesmo 5 Mulheres apresentando alguns clichês desnecessários, não tendo as nuances da realização de Verhoeven, a qual se vale do distanciamento do politicamente correto, a direção e roteiro de Olaf Kraemer constroem um filme sobre um ciclo que sua personagem principal, Marie, precisa passar. Uma produção com personagens de um equilíbrio e força invejáveis.
Últimos artigos deRenato Cabral (Ver Tudo)
- Porto: Uma História de Amor - 20 de janeiro de 2019
- Antes o Tempo Não Acabava - 25 de novembro de 2017
- Docinho da América - 3 de janeiro de 2017
Deixe um comentário