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Sinopse

A Ilha do Tesouro: Jim Hawkins é um garoto que parte para uma ilha no Caribe em busca de um tesouro há muito enterrado. Porém, ele não esperava encontrar no caminho a tripulação do falecido pirata que o escondeu lá, o temido capitão Long John Silver. Aventura.

Crítica

Baseado no clássico da literatura infanto-juvenil escrito por Robert Louis Stevenson, A Ilha do Tesouro é a primeira produção live action da Disney sem qualquer animação. Apresenta uma história repleta de aventura e exaltação da valentia, cujo protagonista é o menino Jim Hawkins (Bobby Driscoll), que se vê numa disputa entre marinheiros e piratas pelo lendário tesouro do qual possui o mapa. A estalagem de sua mãe serve inicialmente de refúgio para o combalido capitão Billy Bones (Finlay Currie), portador do pedaço de papel que indica a localização da fortuna e, portanto, alvo dos malfeitores. Jim herda o mapa e embarca rumo ao destino cobiçado por muitos. Chefiada pelo fanfarrão Squire Trelawney (Walter Fitzgerald), que de navegação entende patavinas, a tripulação iça velas e recolhe âncora, aparentemente incógnita, para não chamar a atenção e, assim, evitar o olho grande da concorrência.

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Antes de morrer, o capitão Bones expressa medo do homem de uma perna só. O cozinheiro escolhido mais tarde à tripulação de Trelawney não possui, justamente, uma perna. Long John Silver (Robert Newton) conta causos de peripécias no mar, colocando-se à disposição para arregimentar marinheiros, além de expressar solicitude no mínimo suspeita. Não demora a ligarmos os pontos. A trama de A Ilha do Tesouro se mostra inclinada prioritariamente a atender os anseios joviais por contos de piratas e brigas marítimas. O diretor Byron Haskin não faz questão de guardar cartas nas mangas, preterindo o elemento surpresa. A relação de Jim e Silver é o centro das atenções. Aliás, essas duas figuras condensam as qualidades e os defeitos humanos que esta adaptação busca ressaltar. Traição, crueldade, bravura e hombridade se alternam na medida em que a ambição de um delineia melhor os caminhos do outro.

Distante do famoso padrão Disney, de realizações privadas de violência e controvérsia, A Ilha do Tesouro não se furta de tocar em pontos que hoje em dia certamente seriam ao menos suavizados em prol de uma abordagem politicamente correta. A começar pelo fato de Jim não apenas manusear uma arma de fogo, mas, principalmente, por utilizá-la para matar um pirata ameaçador. As batalhas, filmadas de maneira burocrática, não despertam tanta emoção, mas também têm seus resultados sangrentos, decorrentes de ferimentos à bala e lutas de espada. Não deixa de ser corajoso manter essa verossímil relação entre ato e consequência. Os demais personagens são essencialmente rasos. O advogado, o doutor, o capitão da embarcação, bem como os bucaneiros mancomunados com Silver, são peças decorativas e unidimensionais.

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A Ilha do Tesouro é um longa-metragem ambicioso, exceto no que diz respeito ao possível aprofundamento dos temas suscitados. A encenação simplista, com esparsos lampejos de inspiração, também não ajuda, pois reduz quase toda relevância ao plano da palavra. Entretanto, há de se exaltar os esforços de produção, a alternância inteligente das filmagens em estúdio e das em locações naturais, e a primazia do clima de aventura. Silver, por exemplo, é o típico pirata, com direito a papagaio no ombro. Já o garoto Jim representa o espectador, estranho àquele mundo, mas que logo se ambienta com empolgação aos procedimentos da navegação, aos tiros de canhão, à caça aos tesouros e a todos os aspectos que tornam a disputa entre marujos e corsários tão permanente no imaginário geral, vide o recente sucesso da saga Piratas do Caribe, não por acaso, também cria da Disney.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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