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Sinopse

Única sobrevivente da tripulação que enfrentou o Alien, a tenente Ripley entra em descrédito na Terra. Isso até que notícias vindas de uma colônia distante a levam, junto de um grupo de soldados, a enfrentar novamente a besta.

Crítica

Não existe unanimidade quando falamos sobre Alien: O Oitavo Passageiro (1979) e Aliens: O Resgate. Os fãs da franquia até hoje discutem qual é o melhor filme da série – basta entrar em qualquer fórum sobre a série cinematográfica para comprovar. Alguns preferem o suspense com atmosfera de terror de Ridley Scott, outros tendem mais para a ação explosiva de James Cameron. Seja qual for sua preferência, é inegável que ambos diretores entregaram trabalhos inspirados, dando características muito próprias para cada filme.

Um dos grandes acertos de James Cameron ao aceitar escrever o roteiro de uma continuação para Alien: O Oitavo Passageiro foi fazer um filme seu. Ainda que utilize a protagonista do anterior e siga contando com os vilões mais asquerosos do universo, o cineasta faz uma sequência completamente diferente do original. Existem diversas continuações que bebem totalmente na fonte do trabalho anterior, deixando um gosto de déjà vu no espectador que retira qualquer surpresa ou interesse em acompanhar a trama. Não é o que acontece em Aliens: O Resgate.

Anos depois dos acontecimentos de Alien: O Oitavo Passageiro, Ellen Ripley (Sigourney Weaver) é encontrada, ainda em seu sono profundo, na nave em que escapou da morte. Sofrendo com as lembranças de seu quase fatal combate com alienígenas, Ripley tenta de todas as formas convencer seus antigos patrões de que existe uma raça extraterrestre sedenta por sangue solta por aí. Mal ela sabe que o planeta no qual ela teve aquele contato imediato está sendo preparado para virar uma colônia humana, com diversas famílias já vivendo por lá. Quando o contato com os atuais habitantes do planeta é perdido, um batalhão é enviado para entender o que aconteceu. Ripley é convidada como consultora na missão e aceita, mesmo sabendo que isso possa significar um novo encontro com os alienígenas com sangue ácido.

Se em Alien: O Oitavo Passageiro a ameaça estava enclausurada junto a outros sete tripulantes da nave Nostromo, dessa vez os vilões vêm em bandos. James Cameron segue bem a cartilha das continuações e tenta, de todas as formas, aumentar os perigos daquela missão. Mais aliens, mais facehuggers (as criaturas que depositam sua espécie dentro de humanos) e até uma rainha são colocados em rota de colisão com os heróis do filme. Alguns bons sustos aqui e ali conseguem colocar esta sequência na prateleira das produções de terror, junto do longa-metragem original. Mas em matéria de atmosfera de suspense, ela perde feio para o filme de Ridley Scott. Isso não chega a ser um ponto negativo visto que essa era a ideia. James Cameron faz um filme de ação. Com armas, explosões e sangue. Recém-saído dos sets de O Exterminador do Futuro (1984), Cameron estava ainda construindo seu nome como um cineasta de bons filmes de ficção científica, e Aliens: O Resgate certamente o ajudou a sedimentar sua marca.

Ainda que tenha altas doses de ação, o longa-metragem demora um pouco para engrenar. Existe uma hora de filme para colocar todas as peças no lugar. Conhecemos os personagens, entendemos seus objetivos e seus papeis na história até que a real aventura comece. Se é verdade que existe uma demora para que as cenas empolgantes ganhem espaço, é igualmente correto afirmar que quando começam, continuam até o fim. A segunda metade de Aliens: O Resgate é, com o perdão do clichê, de tirar o fôlego. Humanos sitiados em um pequeno espaço, com dezenas de aliens prontos para utilizá-los como hospedeiros, é uma ameaça tremenda. Cameron inclusive exagera em alguns trechos, como colocar empecilhos até na utilização de armas contra os extraterrestres em dado momento. Dispensável. E se não temos grandes personagens coadjuvantes – as atuações chegam a irritar de tão exageradas, reflexo do tempo em que Cameron realmente não sabia dirigir atores – ao menos Ripley comanda bem a ação, com uma ótima performance de Sigourney Weaver.

A atriz já havia feito um excelente trabalho no filme anterior. Mas em Aliens: O Resgate Weaver consegue fazer uma interessante mistura de seu lado mais doce, ao acolher uma menina sobrevivente da colônia, e de seu lado durão, como a pessoa que praticamente encabeça a missão. O roteiro de Cameron é hábil em manter a personagem interessante, incorporando este lado materno, dando um real motivo para que Ripley se arrisque da forma como faz. O resultado foi tão positivo que Sigourney Weaver foi indicada ao Oscar por sua atuação, algo não tão comum quando falamos de um filme de ficção científica, visto com certo preconceito pela Academia.

Com um desenho de produção muito interessante para a época – mas que hoje causa risadas pela tecnologia defasada daquele futuro – Aliens: O Resgate é um capítulo rico para franquia protagonizada por Ellen Ripley. Tem ação em doses cavalares, vilões ameaçadores e efeitos especiais excelentes (para 1986). Pode pecar aqui e ali com alguns exageros – seja pelas atuações dos coadjuvantes, seja por alguns trechos dispensáveis do roteiro – mas se mantém como um ótimo exemplar do gênero.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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