Crítica
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Sinopse
Walter é um homem de classe média que promete à esposa Solange que irá buscar o bolo de aniversário da filha deles. O que poderia ser uma tarefa simples se mostra bem complicada à medida que o sujeito se depara com inúmeras situações inusitadas pelo caminho. Enquanto tenta lidar com a desconfiança do chefe e com o trânsito de uma São Paulo chuvosa, ele verá sua vida tomar um rumo inesperado no caminho para casa.
Crítica
Tadeu Jungle é um dos publicitários mais reconhecidos do Brasil. E assim como vários profissionais dessa área, ele afirma que a publicidade foi um meio profissional escolhido apenas para que pudesse se aproximar do que realmente aprecia: no caso, o cinema. À exemplo de cineastas como Fernando Meirelles, Paulo Morelli e José Zaragoza, Jungle seguiu o caminho natural da produção publicitária para a realização cinematográfica, lançando em 2011 dois longas: o documentário Evoé: Retrato de um Antropógrafo (co-dirigido por Elaine César) e a ficção Amanhã Nunca Mais. Este último, na verdade, é o que marca sua estreia, pois foi realizado em 2009 e somente dois anos depois é que ganhou as telas. E pelo que se vê, a espera poderia ter sido até maior.
Amanhã Nunca Mais falha justamente por mirar alto demais em sua pretensão: tudo o que busca ser é uma versão brasileira de Depois de Horas (1985), a comédia de erros assinada por Martin Scorsese. Mas sua premissa é tão problemática que o resultado acaba soando falso e equivocado. Jungle força a mão nas consequências e nos enganos de Lázaro Ramos, o protagonista, que, assim como Griffin Dunne no filme americano, tudo o que deseja é voltar para casa. Mas, como já se pode imaginar, esse caminho não será tão simples e tranquilo quanto desejaria.
Ramos aparece como Walter, um anestesista acostumado a ficar quieto. Ele nada fala quando a sogra inconveniente resolve incomodá-lo com uma coxinha de galinha, atrapalhando seu sono à beira mar. Ele permanece mudo quando a mulher fica toda sorrisos para um outro bonitão que resolve puxar conversa com ela sob o sol da praia. Ele continua no silêncio quando é chamado para trabalhar no seu horário de folga, quando é importunado por um colega inconveniente ou quando é menosprezado pelos outros médicos. Mas ele ainda é um homem, e decide merecer à família que tem assumindo uma tarefa hercúlea: buscar o bolo de aniversário da filha (!!). Para isso, decide sair no meio de uma cirurgia, no trânsito caótico de São Paulo, se arriscando numa aventura sem hora para acabar (!!!).
Os problemas são tantos que fica até difícil saber por onde começar. Primeiro: que festa de criança se passa à noite? E em dia de semana? E por pior que seja a capital paulista, não existem vias alternativas – ou todas as ruas estão completamente engarrafadas em todas as vinte e quatro horas do dia? Na última vez em que estive por lá não era assim... Agora, se tudo isso é desculpável, nada justifica a presença da louca interpretada por Maria Luisa Mendonça (que normalmente é ótima em papéis assim, mas aqui beira o insuportável), uma desconhecida que cisma ser uma amiga de infância e acaba arrastando-o para um casamento judeu sem o menor cabimento!
Qualquer outra pessoa no lugar da esposa Fernanda Machado, já teria desistido de um homem assim há muito tempo. Ou, se no lugar dele, já teria explodido há mais tempo ainda. Mas como não passa de uma comédia de costumes, é bem previsível como tudo irá terminar, com acertos de contas e pazes de última hora. Até lá, no entanto, nos cansamos rapidamente até da única coisa que se salva neste filme – Lázaro Ramos, um dos melhores atores da atual geração nacional. Há cinco anos sem aparecer nos cinemas – desde Saneamento Básico, de 2007 – poderia ter tirado uma folga ainda maior. Nós agradeceríamos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Francisco Carbone | 3 |
Edu Fernandes | 3 |
MÉDIA | 3.3 |
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