Crítica
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Sinopse
Um painel vigoroso da Las Vegas dos anos 1970, uma época em que máfia controlava completamente a jogatina.
Crítica
Cinco anos após lançar o violento Os Bons Companheiros (1990), sobre os labirintos da máfia em solo norte-americano, Martin Scorsese volta ao mundo do crime organizado com Cassino, sua visão romântica e aguçada sobre a lucrativa indústria do jogo em Las Vegas e as raízes italianas de uma superestrutura montada para faturar. Na grande cidade do pecado, nada poderia dar errado para Sam Rothstein (Robert De Niro), um jogador experiente com tino administrativo convidado por mafiosos a gerir um dos cassinos mais importantes da região. Mesmo sem licença oficial, Sam passa a comandar o negócio, alcançando metas inimagináveis e fazendo jorrar dinheiro do deserto em direção a Kansas City, lar dos principais chefões do crime. Para garantir a segurança de Sam – e a liquidez do empreendimento –, o explosivo Nicky (Joe Pesci) é orientado a agir como um verdadeiro cão de guarda.
Para Sam, Las Vegas realiza e purifica os pecados de homens como ele, que tem nas grandes cifras a verdadeira visão de futuro. A cidade que fatura vendendo sonhos aos iludidos se organiza de cima a baixo para literalmente girar a roda da fortuna. Primeiro, provoca pecados de avareza, luxúria, vaidade e inveja por assédio constante, deixando que o vício se manifeste nas vítimas. Depois, purga-os, permitindo, por um lado, que poucos jogadores faturem algum dinheiro e, por outro, que os donos dos cassinos tomem todo o resto para si, diariamente, em gozo constante. Para homens como Sam, lucro não é pecado, é precisão. E para os descontentes do esquema, Sam e Nicky lembram que sempre haverá o deserto, onde todos os problemas podem ser resolvidos e enterrados.
De fato, o deserto pode ser útil para algumas soluções, mas não para todas – e a trama repleta de problemas, erros e soluções duvidosas prova isso. Sam passa a ter dificuldades com a mulher Ginger (Sharon Stone), uma golpista de luxo apaixonada pelo ex-cafetão que o trai ao entrar em uma espiral de histeria, abuso de álcool e drogas. Sam também passa a ser pressionado pelas autoridades, sendo afastado dos negócios e voltando-se contra chefões, políticos e parceiros. Aos poucos, Scorsese narra a queda de uma estrutura fraudulenta que levou ao chão esquemas paralelos e amizades que não valiam um punhado de areia. À frente de um elenco de alto grau e novamente filmando um argumento de Nicholas Pileggi (Os Bons Companheiros), o cineasta prova que entende as engrenagens do crime.
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