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Sinopse
Em Christine: O Carro Assassino, Arnie Cunningham adora seu carro, um modelo 1958 Plymouth Fury que não está em seu melhor estado. Decidido a restaurá-la a qualquer custo, dedica todo seu tempo para ele, o que faz com que se afaste dos amigos e da própria realidade. Leigh, sua namorada, e Dennis, seu melhor amigo, procuram o antigo dono do carro e descobrem que o mesmo aconteceu com ele, antes de vender o carro. É quando eles chegam à conclusão que o único meio de resgatar Arnie é destruindo o automóvel. Horror.
Crítica
A trilha sonora rockabilly ajuda a esconder o real intuito do roteiro de Bill Phillips, baseado no romance do escritor Stephen King. Não demora muito para o verdadeiro caráter da produção de John Carpenter ser demonstrado, através da fúria terrível do modelo Plymouth Fury Coupe, que já em sua primeira interação trata de quase decepar os dedos de seu mecânico, para depois assassinar um sujeito desleixado com seu estofamento. Christine: O Carro Assassino possui um personagem central, em princípio, inanimado, mas que ganha contornos de monstruosidade no decorrer da fita.

Carpenter mistura estilos dissonantes, seguindo a estrada começada por Encurralado (1971), de Steven Spielberg, se valendo dos estereótipos do slasher movie ao explorar um mundo tipicamente adolescente, onde o bullying entre garotos dá lugar às contumazes relações sexuais típicas de Porky’s (1981) e seus subprodutos. A ambiguidade do tema é garantida pela demora em evoluir a paixão do personagem Arnold Cunnigham (Keith Gordon) pelo carro, desenvolvendo a partir de si uma estranha relação afetiva entre espécies.
As letras das músicas que compõem a trilha do rádio servem como ponte de diálogo entre Arnie e seu veículo. Aos poucos, os dois vão se tornando íntimos, em especial depois do afastamento gradual deste de seu amigo Dennis Guilder (John Stockwell) e até de seu interesse amoroso, Leigh Cabot (Alexandra Paul). Uma interação obsessiva ocorre, gerando por sua vez uma gama de sentimentos doentios, distantes demais da normatividade imposta ao norte-americano médio.
As cenas de morte são muito bem feitas, poupando um pouco o gore e focando em queimaduras, na devastação, em cinzas causadas pelo fogo consumidor, usando sabiamente o elemento como catalisador universal da morte. Christine serve perfeitamente ao intuito de ser um monstro assustador, com toneladas de aço, correndo em alta velocidade e protegido de qualquer suspeita, inclusive pela curiosidade de seus causos e terrores.

A história por trás de Arnie mostra uma carência enorme, ocupada por um placebo mecânico e hidráulico, cujo potencial destrutivo é tão grandioso quanto o do homem. A criatura é espiritualizada e elevada a um patamar superior ao de seu criador. O diferencial de Christine: O Carro Assassino é discutir a relação do homem com o material. A ótica e a maneira de contar a história são arrebatadoras. O terror é usado como representação da anomalia mental de quem é fútil e excessivamente materialista, fazendo do objeto de adulação o monstro que traria o infortúnio da morte para os que não tratam tal entidade com o devido respeito e devoção, mostrando, assim, uma faceta vaidosa dessa criatura atemorizante.
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Grade crítica
| Crítico | Nota |
|---|---|
| Filipe Pereira | 7 |
| Ailton Monteiro | 8 |
| Chico Fireman | 7 |
| MÉDIA | 7.3 |

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