Dalua Downhill
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Rodrigo Pesavento, Tiago de Castro, Fernanda Franke Krumel
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Dalua Downhill
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2012
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Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Douglas Rodrigues da Silva, conhecido como Dalua, é um dos principais nomes de uma modalidade radical do skate chamada de Skate Downhill, na qual os competidores descem ladeiras em altíssimas velocidades. O filme mostra a trajetória desse vencedor que viaja o mundo representando o Brasil.
Crítica
Na placa da ladeira, no município gaúcho de Teutônia, a velocidade máxima permitida é de apenas 30 km/h. Este limite, no entanto, não se aplica a Douglas Dalua, Kevin Reimer e a outros skatistas que desafiam as leis da física ao competirem na modalidade Downhill, uma das mais velozes do mundo. Teutônia possui uma das mais rápidas ladeiras do planeta, com os atletas conseguindo passar facilmente dos 100 km/h. Em Dalua Downhill, os diretores Rodrigo Pesavento, Fernanda Franke Krumel e Tiago de Castro mostram, através da figura do simpático atleta Douglas Dalua, a amizade, a competitividade, os perigos, as perdas e as glórias de um esporte dos mais radicais.
Acompanhando Douglas Dalua durante dois anos, o documentário viaja o mundo mostrando alguns dos circuitos mais velozes. Curiosamente, o título de mais radical fica para Teutônia, que no seu asfalto irregular e formato íngreme, deixa boquiabertos todos os skatistas que ali se aventuram a competir. Além do Brasil, Canadá, África do Sul e Peru são alguns dos países que o doc abrange. Dalua vivia um período ótimo em 2010, quando do início das gravações. Um dos mais rápidos skatistas do mundo, ganhando provas e atingindo seus objetivos – e, ainda por cima, pai recente da menina Pietra. Competindo sempre cabeça a cabeça com o canadense Kevin Reimer, seu melhor amigo, Dalua sonha em conquistar o título mundial através do seu skate. Infelizmente, um acidente na África adia este desejo. Tempo de recuperação lento, ganho de peso e perda de confiança tiram de Dalua a possibilidade do seu objetivo. Mas isso não fará com que o atleta desista fácil.
Um dos grandes méritos de Dalua Downhill é apresentar ao espectador um esporte que está longe da grande mídia – e um atleta brasileiro vitorioso que merece o holofote. A falta de apoio poda muitas carreiras com potencial competitivo e o fato de Douglas Dalua ter se virado para conseguir seus patrocinadores e continuar ativo no esporte é um ótimo exemplo. E não é algo restrito apenas a brasileiros. Skatistas de outras nacionalidades – principalmente os canadenses – se queixam no filme a respeito da dificuldade em bancar as viagens. Como o documentário explica, para ser campeão mundial é necessário participar de diversos circuitos ao redor do planeta, o que demanda dinheiro e muita dedicação. Ou isso, ou vencer em uma espécie de “copa do mundo” da modalidade, que em 2012 foi disputada no Brasil.
Como não é um esporte dos mais conhecidos, é interessante manter o mistério sobre quem ganha as baterias e os campeonatos (ainda que uma rápida pesquisa no google dê estas respostas). O que dá para adiantar é que a “briga” geralmente fica entre Dalua e Kevin, amigos muito próximos, que alimentam a competitividade um do outro. Os dois se mantém no limite e se ajudam a quebrar barreiras. Ambos sofreram com acidentes que os deixam parados por um tempo, mas conseguem dar a volta por cima. Dalua Downhill nunca esconde o quão perigoso este esporte pode ser, visto que os atletas (por mais protegidos que estejam) ainda estão completamente sujeitos a acidentes feios. O protagonista do doc, Douglas Dalua, é um atleta diferenciado. Sem a forma física esguia dos demais skatistas, sempre com um sorriso franco e alegria estampados no rosto, o gaúcho de São Leopoldo é um ótimo porta-voz para o esporte. Era jogador de futebol quando criança, mas uma lesão no joelho o fez abandonar o esporte. Curiosamente, a perna que o dá impulso para competir com o skate é a mesma que o afastou dos campos. Ironia do destino e, talvez, a arma secreta do rapaz na hora de ganhar vantagem sobre seus competidores. Simpático e bastante amigável, Dalua acaba conquistando o espectador durante a história.
Com ótimas tomadas mostrando toda a velocidade dos skates e com entrevistas com variados atletas que dão a verdadeira dimensão daquela modalidade, Dalua Downhill se mostra um documentário esportivo bastante completo. Podia ser menos repetitivo – os recorrentes depoimentos sobre as ladeiras de Teutônia e os diversos momentos em que a amizade entre os skatistas é ressaltada poderiam ser reduzidas, até para manter mais dinâmico o documentário. É um pequeno deslize, nada parecido com as derrapadas que os atletas podem sofrer nos circuitos mundiais, mas ainda assim, um senão importante. Que, claro, não tira os demais méritos deste belo programa tão divertido quanto radical.
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