Crítica
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Sinopse
Set, o impiedoso deus da escuridão, toma o trono do Egito para si, mergulhando o outrora próspero e pacífico império em um estado de caos e guerra. Poderoso, poucos ousam desafiá-lo, até surgir Bek, um ladrão cuja amada foi capturada pelo déspota. Para isso contará com a ajuda de Hórus, um deus mais misericordioso, que fora traído por Set.
Crítica
A estreia no Brasil de Deuses do Egito chegou atrasada em três semanas, no mínimo. Em vez de aterrissar nos cinemas no final de fevereiro, o longa-metragem dirigido por Alex Proyas deveria ter estreado durante o carnaval, de preferência na Marquês da Sapucaí. Só assim para curtir os figurinos exóticos, os cenários falsos e as atuações exageradas do elenco. Sem falar nos efeitos visuais de baixíssima qualidade, que só impressionam pela falta de consistência. Como convenceram tantos nomes famosos a participarem deste longa-metragem é a dúvida que paira no ar tão logo sobem os créditos finais. É bem verdade que todos eles já participaram de produções de qualidade duvidosa no passado. Mas nada perto desta mistura indigesta de Fúria de Titãs, Transformers, Cavaleiros do Zodíaco e Percy Jackson.
Não é surpresa descobrir que os escribas responsáveis por Deuses do Egito, Matt Sazama e Burk Sharpless, assinaram os roteiros dos pouco inspirados Drácula: A História Nunca Contada (2014) e O Último Caçador de Bruxas (2015). Essa informação acaba sendo de valiosa importância para o espectador. Se você gostou de quaisquer uma dessas produções, pode ir sem medo conferir este novo filme. Você irá se divertir. Para continuar nas fichas corridas, o diretor Alex Proyas tem bons títulos na filmografia como O Corvo (1994), Cidade das Sombras (1998) e Eu, Robô (2004). No entanto, seu último filme foi o intragável Presságio (2009), algo aparentemente tão traumático que fez o diretor só voltar agora, sete anos depois à cadeira de comando. Pelo resultado final aqui mostrado, poderia ter ficado um pouco mais de molho.
Na história, somos transportados para um Egito fantástico, no qual os deuses venerados são realmente divindades com poderes especiais que vivem entre nós. Eles são mais altos, mais fortes e mais egocêntricos que os meros mortais. Neste cenário, conhecemos o hedonista Horus (Nikolaj Coster-Waldau), que está pronto para assumir o trono egípcio após seu pai, o soberano Osiris (Bryan Brown), decidir ser a hora certa de abandonar a função. Quem não concorda com Osiris é seu irmão, Set (Gerard Butler). Ele pensa que o rei de direito deve ser ele e, em meio à cerimônia de coroação, toma para si o poder, além de roubar os dois olhos de Horus, fonte de seus poderes. O ex-futuro rei parte em exílio, deixando a população do Egito à mercê do tirânico tio. Mesmo sempre considerando os humanos seres inferiores, Horus terá a ajuda de um reles mortal, o ladrão Bek (Brenton Thwaites), na tentativa de reaver seus poderes. Nesta aventura, até o Deus Rá (Geoffrey Rush) acaba dando as caras, assim como a temível serpente Apep, o inteligente deus Thoth (Chadwick Boseman) e a amorosa deusa Hathor (Elodie Young).
Existem bons momentos em Deuses do Egito, embora não sejam de forma alguma originais. A jornada de Horus em busca do seu trono acaba revelando o valor dos seres humanos para um deus que, até então, só os via com repulsa. A dobradinha entre Coster-Waldau e Thwaites convence, com os dois parecendo realmente se divertir com a aventura. Talvez mais do que o espectador e é aí que mora o problema. Enquanto essa dupla vive este bromance entre deus e humano, Gerard Butler coloca sua cara mais zangada para criar um vilão totalmente unidimensional e esquecível. Nem o sempre competente Geoffrey Rush consegue roubar a cena para si, vivendo um cansado deus Rá.
Se alguns personagens se mostram problemáticos pelos dramas pouco convincentes, tudo piora quando estes deuses se transformam em figuras animalescas, com armaduras que lembram os Cavaleiros do Zodíaco e efeitos visuais de quinta, que tentam se aproximar do que Michael Bay faz em Transformers. Todas as sequencias que envolvem estas transformações – e as lutas entre estes seres em CGI – são disparadas as piores do filme. Difícil segurar a risada ao vê-los em cena. Como toda a pinta de início de franquia, Deuses do Egito custou US$ 140 milhões, valor altíssimo, principalmente quando não conseguimos enxergar este investimento na tela. Claro que temos atores famosos e efeitos visuais em profusão, mas faltou requinte e um roteiro mais criativo para que algo saísse bem desta mistura. Primeiro forte candidato ao Framboesa de Ouro de 2016.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 3 |
Robledo Milani | 4 |
Chico Fireman | 6 |
Diego Benevides | 2 |
Cecilia Barroso | 1 |
Francisco Carbone | 1 |
MÉDIA | 2.8 |
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