Crítica
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Sinopse
Quando a adolescente Beatrice completa 16 anos, precisa escolher entre as diferentes facções em que a cidade onde vive está dividida. Elas são cinco, e cada uma representa um valor diferente, como honestidade, generosidade ou coragem. A garota surpreende a todos e até a si mesma quando decide pela facção dos destemidos. Assim, torna-se Tris e vai enfrentar uma jornada para afastar seus medos e descobrir quem é de verdade.
Crítica
É interessante o cenário mundial construído na trama de Divergente, filme baseado no best-seller de Veronica Roth. Após uma grande guerra, o governo situa-se numa Chicago semidestruída dividida por cinco facções: Abnegação, composta por altruístas, os atuais líderes; Audácia, pelos corajosos que atuam como policiais; Amizade, pelos afetuosos (e vestidos como hippies); Franqueza, pelos que falam somente a verdade; e Erudição, formada pelos intelectuais (e que podem estar tramando um golpe de Estado). Quem não se encaixa em nenhum dos grupos torna-se morador de rua. Mas aos 16 anos o destino pode ser muito pior: quem se enquadra em mais de uma das facções é chamado de divergente, caçado, preso e até morto.
É nesta condição que se encontra Beatrice (Shailene Woodley), a protagonista da história. Nascida na Abnegação, a jovem não se identifica com seu grupo e, quando atinge a maioridade para fazer o teste de qual facção se encaixar, recebe a notícia de que é uma divergente, algo que ela esconde e, por se sentir corajosa e ousada, acaba escolhendo a Audácia para viver. Caminho que ela vai percorrer cheia de hematomas devido aos constantes testes físicos pelos quais passa – sem contar que vai ter que enfrentar vários inimigos silenciosos devido à sua condição de divergente.
Calcado no sucesso da saga Jogos Vorazes, era questão de tempo até aparecer outra trama nos cinemas que remetesse a um futuro sombrio e totalitário. Divergente é menos violento visualmente e até um pouco mais “pobre”, assim digamos, no que remete aos efeitos visuais e a direção de arte. Tudo é minimalista na Chicago do filme, seja a arquitetura dos prédios ou o figurino dos personagens, todos muito simples, mas de fácil identificação. Porém, o que tira um pouco o interesse do filme são algumas (dezenas) de diálogos pobres, que talvez nem precisassem estar no roteiro. São muitas tiradinhas típicas de quem cai no clichê (nem tão longe da realidade, é claro) de que adolescentes adoram dar respostas sagazes para tudo. Mais ao final, quando a protagonista enfrenta cara a cara a vilã do filme, ela solta uma frase que remete a outras tantas do longa, algo que dá a idéia de “te peguei”. Sendo que não combina nem um pouco com a interessante personagem de Shailene Woodley.
Por sinal, a maior força do filme é justamente sua intérprete. A Tris de Shailene não deixa nada a dever para Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), protagonista de Jogos Vorazes. Pelo contrário. Em vez de ser um talento nato como sua “rival” da outra franquia, Tris quer entrar para o grupo da Audácia, mas de cara não tem o porte físico ou tanta coragem quanto ela almeja. Só com o passar dos testes e da perseverança é que ela vai encontrando seu caminho e mostrando para seus colegas e líderes quem é de verdade. Este caminho todo percorrido também é realçado pelas expressões de Shailene, que mostra, mais uma vez (após filmes como Os Descendentes, 2011, e O Maravilhoso Agora, 2013) ser uma das grandes promessas de sua geração. A câmera do diretor Neil Burger constantemente foca o rosto da atriz, mostrando que o diretor sabe onde reside o maior peso do filme.
Vale destacar também a presença de Kate Winslet como a enigmática Jeanine Matthews. Como a vencedora do Oscar estava grávida durante as gravações, ela aparece mais cheinha, para quem estranhar. O que não tem nada a ver com o fato de seu talento continuar inalterado, pois seus combates de olhares com Tris são algumas das cenas mais interessantes da história, além de sua frieza revirar o estômago por ser quase uma Hitler futurista. Palavras da própria intérprete, por sinal. Por outro lado, o Four de Theo James não dá muitas chances para o ator se expressar, o que pode dar a idéia de que ele está ali apenas pelo belo físico e pelo rosto bonito. O que não deixa de ser verdade, mas nos próximos filmes talvez o personagem se torne menos calado e mais importante.
Apesar de ter um ritmo lento (são 2h20 de filme), o roteiro de Divergente não compromete ao dar tempo para a história ser contada sem atropelos (ainda que uma edição de 15 ou 20 minutos fizesse bem à trama). Assim, longa é recheado de cenas de ação e diverte, sem muito compromisso em se levar a sério demais. E, claro, há ganchos para as continuações, já que o filme é o primeiro de uma trilogia. A dica é entrar na sala sem esperar muito e sair satisfeito após a sessão com um filme que cumpre sua meta: entreter o público. O que já é mais do que se poderia imaginar numa trama que, a princípio, parece ser uma mistura de tantos exemplares voltados a adolescentes e lançados nas telas nos últimos anos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 6 |
Robledo Milani | 6 |
Chico Fireman | 5 |
Diego Benevides | 7 |
Roberto Cunha | 6 |
Edu Fernandes | 6 |
Thomas Boeira | 5 |
MÉDIA | 5.9 |
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