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Crítica

Ariel é estudante de Psicologia, em Montevidéu. A cena inicial nos leva para dentro de uma sala de aula tomada pelo movimento estudantil, onde somos informados da morte do seu pai. A partir de então, o jovem de 25 anos tem de voltar para Salto, cidade em que reencontrará a história da família e iniciará a construir a sua.

Segundo longa de Manolo Nieto (La Perrera, 2006), El Lugar del Hijo procura encaixar a descoberta pessoal do personagem com a crítica social, em especial a relação entre trabalhador, empresário e Estado. Entretanto, o resultado de conjugar estes dois temas não é feliz e o excesso é prejudicial ao trabalho de Nieto, pois ainda que os discursos caminhem em paralelo e nada os impeça de coexistirem, ambos evoluem isolados, sem naturalidade e convicção.

Em Salto, Ariel terá de lidar com as dívidas paternas, com um amor que amadurece entre reivindicações sindicais e a pressão para assumir as terras deixadas pelo pai. Quanto a desafios, o protagonista resolve a exigência do amadurecimento forçado melhor do que o diretor pode resolver a sua proposta de enredo. E quando tenta, Nieto falha.

Apesar de contar com uma direção com bons momentos, como prova a cena inicial, por exemplo, o roteiro frágil, composto de várias cenas que não contribuem para contar a história, como a da silhueta do personagem no pôr-do-sol no campo ou a vista de cima do cavalo, comprometem muito do esforço empregado. Não sabemos o que motivou o afastamento entre filho e pai; não sabemos o motivo que fez Ariel juntar-se aos estudantes de outra cidade ou mesmo o de apoiar uma causa sindical que não lhe diz respeito. Para quem se propôs a construir um longa ambicioso, que desse conta das dimensões psicológicas do protagonista ao mesmo tempo em que denuncia a crise social de um país em mudanças, o diretor ficou no meio do caminho, entregando ao espectador apenas o fragmento de um conjunto de intenções.

Apostando em um registro realista, Nieto desenvolve o longa ancorado na atuação de Sebastian Blanquer, que constrói um Ariel enigmático, responsável por levar o público até o fim da sessão, à espera de respostas. Mas El Lugar del Hijo é um filme aberto como o pampa, em que os momentos de beleza são atravessados pelo desespero diante da falta de perspectiva.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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