Crítica
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Sinopse
Aos 18 anos, Lake descobre que tem tesão por homens idosos. Ao aceitar um trabalho na casa de repouso onde sua mãe atua como enfermeira, o jovem percebe que os pacientes estão sendo drogados e acaba fugindo com o seu favorito.
Crítica
Segundo o dicionário, a palavra ‘gerontophilia’ resulta da união do grego geron (velho) com philie (amor). Ou seja, consiste da atração sexual por pessoas idosas. Portanto, o título Gerontophilia, associado ao polêmico diretor Bruce La Bruce, já oferece meio caminho andado para o entendimento de seu mais recente longa, exibido nos festivais de Veneza, Toronto, Reykjavik e Rio de Janeiro. Mas se a pista foi lançada, ela também não entrega tudo de bandeja. Quem for até este filme esperando por transgressões, ousadias narrativas, imagens e discursos provocativos irá se decepcionar. O que se tem aqui é uma história de amor, protagonizada por dois personagens completamente fora dos padrões.
Lake (a revelação Pier-Gabriel Lajoie) é um jovem indeciso sobre o que fazer de sua vida. Ele namora Desiree (Katie Boland, de O Mestre, 2012), uma garota mais preocupada em listar todas as grandes revolucionárias da História – e usá-las como exemplo – do que fazer algo de concreto. A mãe dele, por outro lado, ou está bêbada, ou envolvida com algum homem que não irá valorizá-la. E o pai, como era de se esperar, há muito não faz mais parte do cenário. Cansado dos estudos e sem ânimo para qualquer outra coisa, encontra um ânimo inesperado quando ganha a oportunidade de ir trabalhar em um asilo, cuidando de pessoas de mais idade. Será neste contato diário que ele finalmente dará vazão a um fetiche até então não consciente: o desejo por homens que poderiam, facilmente, serem seus avôs.
A fixação se transforma em afeto quando conhece o Sr. Peabody (Walter Borden). Octagenário, abandonado pelo único filho, é encarado como uma vergonha pela família por causa de sua homossexualidade. Alternando momentos de lucidez com outros de demência provocados pelo excesso de remédios que é obrigado a ingerir diariamente, o homem chama atenção do garoto, que ao se aproximar dele decide fazer alguma coisa para mudar esta situação: com a ajuda da ex-namorada – que o apoia neste processo pois, acredita, ele está agindo como um verdadeiro ‘revolucionário’ – Lake sequestra do hospital geriátrico o amante, e os dois fogem em direção ao oceano, último desejo do idoso.
Mas não estamos falando de um conto de fadas bonito e asséptico. Gerontophilia pode representar o filme mais ‘comportado’ de La Bruce, um realizador conhecido pelo uso da pornografia e da violência em seus trabalho, mas nem por isso o cineasta abandona a controvérsia por inteiro. A discussão nem é tanto sobre como é possível haver amor e desejo entre duas pessoas com mais de 60 anos de diferença em suas idades, mas, sim, como fazer um relacionamento como esse dar certo. Peabody é um homem experiente, que sabe estar em sua reta final, e quer aproveitar ao máximo estes últimos momentos de liberdade – seja ao lado de Lake ou não. O garoto, por outro lado, entrega-se por inteiro neste sentimento que não entende por completo, mas que ainda assim busca vivê-lo sem medo. Cada um, a seu modo, tem suas razões, e cabe ao espectador compreendê-las ou não.
Assumidamente uma versão gay do clássico Ensina-me a Viver (1971), Gerontophilia é um filme curioso, antes de mais nada. Os atores estão bastante comprometidos com seus personagens – principalmente Lajoie, que como protagonista deste seu primeiro trabalho oferece um vislumbre de um potencial a ser explorado no futuro. Mas talvez o mais interessante seja confrontar Bruce La Bruce com um orçamento maior ao que está acostumado e como a possibilidade de ir ao encontro de uma plateia mais ampla influencia seu cinema. O diretor está domado, mas nunca irrelevante. Pode servir, no entanto, como porta de entrada a uma obra que possui muito a dizer, mas que sempre foi percebida por poucos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Chico Fireman | 7 |
Miguel Barbieri | 7 |
MÉDIA | 6.7 |
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