Grandes Amigos
Crítica
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Sinopse
Walter Orsini adora a pesca, a gastronomia e os bons vinhos. Ele gosta muito de seus amigos de infância, Paul e Jacques, mas ama acima de tudo sua própria filha, Clémence, de 20 anos. A única coisa que Walter detesta é a mentira. Ele sempre acreditou que em todos os casos, a melhor coisa a se fazer é dizer a verdade. Logo, ele vai perceber que está errado.
Crítica
Exibido na França em 2012, Grandes Amigos levou dois anos para chegar aos cinemas brasileiros – e é curioso imaginar o que teria motivado algum distribuidor nacional a sequer lançá-lo por aqui. Afinal, trata-se de uma produção tipicamente francesa – com o melhor e o pior que a expressão pode significar. Temos em cena um longa extremamente verborrágico, em que tudo se resolve na base de muita conversa, com os dramas que envolvem os personagens surgindo a partir de discussões mal resolvidos. E ainda que o título nacional não seja uma tradução literal, oferece uma boa ideia a respeito dos laços que ligam cada um destes tipos. Enfim, é um filme de e para adultos, uma surpresa interessante que recompensa os dedicados com delicadeza e sensibilidade.
Dirigido pela dupla Stéphan Archinard e François Prévot-Leygonie, ambos estreantes da função e também autores do roteiro, escrito a seis mãos ao lado de Marie-Pierre Huster (a mesma do recente Yves Saint Laurent, 2014), Grandes Amigos carece, de fato, de um olhar mais experiente na condução da sua trama. No entanto, o time reunido é eficiente em construir um painel interessante a respeito das relações humanas na idade adulta, tendo como ponto de partida a amizade construída com o passar das décadas entre Walter (Gérard Lanvin, de À Queima Roupa, 2010), Paul (Jean-Hughes Anglade, de Betty Blue, 1986) e Jacques (Wladimir Yordanoff, de Albergue Espanhol, 2002). O primeiro é dono de um restaurante em busca de sua primeira estrela no Guia Michelin, enquanto que o segundo é um escritor enfrentando uma crise criativa e o terceiro é o dono da livraria onde os três se encontram regularmente, todas às quartas-feiras, para almoçarem juntos.
Se Jacques, um solteirão gay amargurado por ter sido abandonado por seu grande amor trinta anos atrás, decide entrar na política apenas para se vingar do antigo namorado, Paul encontra inspiração para sua nova obra ao retomar uma relação romântica com uma garota muito mais jovem do que ele. Os dois, no entanto, assim como todos os demais personagens do filme, são apenas coadjuvantes da rotina de Walter, o verdadeiro protagonista de Grandes Amigos. É ele, afinal, que precisa lidar com a insegurança do seu sommelier, que tem medo de viajar de avião, ou com a traição da mulher – agora ex – por quem ele, evidentemente, ainda sente algo muito forte. E enquanto percebe a pequena tradição que luta para manter ao lado dos companheiros ir aos poucos se desintegrando, luta para manter a filha ao seu lado, uma jovem em busca de independência física, financeira, intelectual e amorosa – principalmente por ser ela, afinal, a amante do melhor amigo do pai, segredo esse que só será revelado no clímax da trama.
Walter é, indiscutivelmente, o tipo mais irritante e, talvez por isso mesmo, mais interessante de toda a história. É com ele que nos irritamos, pelo qual torcemos e também culpamos. Ele é o responsável por nos manter ligados ao filme, mais do que qualquer outro em cena. E se as mentiras e confusões que acontecem entre eles são mais pontuais do que relevantes para o desenvolvimento das ações, é mera consequência de uma rotina imposta por eles mesmos. Por fim, Grandes Amigos consegue prender a atenção o tempo suficiente até sua conclusão, que mesmo que seja precipitada e um tanto óbvia merece o crédito pela maturidade das soluções apresentadas. Não se trata de um longa inesquecível ou mesmo surpreendente, mas tem um inegável valor que só tende a crescer quanto mais refletimos a respeito.
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Felizmente na última meia hora, esta história - boa parte do tempo chata, arrastada e irritante ( e que desperta até a vontade de ir embora), por fim dá uma melhorada e passa até algumas boas lições de vida, o que acaba salvando este filme. Bons atores,embora a filha de vinte anos parece ter uns 35, e a sua mãe, de 50, idem.