Lulu Nua e Crua

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Sinopse

Depois de fracassar numa entrevista de emprego, Lulu decide não voltar para casa, se dando alguns dias de liberdade do marido e dos filhos. Nesse caminho, ela encontra outras pessoas que se sentem perdidas e/ou deslocadas.

Crítica

Uma das melhores produções a integrar o Festival Varilux de Cinema Francês de 2014. Assim pode ser considerado Lulu Nua e Crua, um belo retrato sobre uma mulher e sua inesperada busca por si mesma.

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Após sair de uma entrevista de emprego, Lulu acaba decidindo, quase que ao acaso, não retornar para casa. Assim, após algumas desculpas evasivas por telefone, deixa o marido e os filhos sem mais notícias. Não existem planos, mas uma coisa parece certa: ela precisa de um tempo para repensar algumas coisas. Tímida e com um semblante delicado, a atriz Karin Viard tem uma excepcional performance e nos apresenta uma protagonista errante e determinada, apesar de sua constante insegurança. Nos dias em que se entrega à liberdade, a personagem encara dificuldades, mas também encontra pessoas que tornarão sua jornada de autodescoberta ainda mais especial.

Vivendo sem dinheiro, em nenhum momento é retratada como vítima por se encontrar em condições desfavoráveis. Lulu está onde quer por livre e espontânea vontade. Porém, em um dos únicos momentos de total desespero, acaba tentando roubar a bolsa de uma senhora indefesa e de bengala. Ingênua e honesta, Lulu não só termina devolvendo a bolsa, como pede desculpas e acompanha a senhora até a sua residência. Inesperadamente, surge aí uma bela amizade que irá acompanhá-la por toda a “estrada”. E não são só amigas que a nossa personagem-título faz durante esse caminho. Entre encontros e desencontros, acaba se relacionando com Charles (Bouli Lanners), homem que irá reanimar sua vida amorosa e sexual, mostrando que existe um lado de Lulu adormecido.

Repleto de interpretações excepcionais e participações como a de Corinne Masiero – vista também no ótimo Suzanne (2013), exibido na mesma edição do Festival Varilux – Lulu Nua e Crua tem sua força nessas atuações fortalecidas pela ótima direção e roteiro de Sólveig Anspach, baseado na história em quadrinhos de mesmo nome escrita por Étienne Davodeau. Se na HQ a história de Lulu é contada através de depoimentos daqueles que recebem seus telefonemas, aqui Anspach, também uma reconhecida documentarista, acompanha Lulu como uma voyeur, e fundamenta muito de suas cenas na participação dos atores, estimulados a improvisar em cena, o que torna a história ainda mais orgânica e intensa.

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Ao permitir ser levada pelo destino, Lulu acaba amadurecendo e se descobrindo não somente como mulher, mas principalmente como indivíduo. Seu retorno para casa, reencontrando os filhos e o marido, pode não ser como o esperado por eles, mas certamente satisfaz muito a protagonista e o público.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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CríticoNota
Renato Cabral
8
Francisco Carbone
7
MÉDIA
7.5

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