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Crítica


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Sinopse

A chegada dos chineses ao Saara - o maior centro comercial do Rio de Janeiro - afetou o comércio antes dominado por árabes e judeus. Francis, uma vendedora, faz de tudo para ajudar o patrão a não perder sua clientela para os concorrentes. Ao lado de uma amiga e companheira de trabalho, ela vai tentar descobrir por que as mercadorias dos chineses são mais baratas.

Crítica

Após alguns pequenos papéis como coadjuvante nos anos 1980, Regina Casé interrompeu um hiato de 11 anos (desde O Grande Mentecapto, 1989) para surgir como protagonista de Eu Tu Eles (2000), filme pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Atriz no ano no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e nos festivais de Cartagena (Colômbia), Havana (Cuba), Karlovy Vary (República Checa) e Lima (Peru), entre outros. Consagrada também como intérprete, ela no entanto decidiu ignorar esse bom momento e preferiu retomar sua carreira na televisão como humorista e apresentadora. Pois foi preciso novamente mais de uma década para que voltasse ao cinema com a comédia Made in China, um filme que, no entanto, fica a dever em muitos aspectos ao seu retorno anterior.

Atendendo a um pedido do marido Estevão Ciavatta, diretor de Made in China, a estrela assume dessa vez o papel de Francis, uma vendedora de bugigangas na Casa São Jorge, loja do árabe Nazir (Otávio Augusto). Estamos em pleno SAARA (Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega), no Rio de Janeiro, e o grande problema do comércio local é enfrentar a forte e absurdamente desproporcional concorrência dos produtos vindos da China. Enquanto uma bonequinha é vendida por R$ 19,90, os chineses cobram apenas R$ 8,90. Já um jogo de luzinhas de Natal, com mais de 140 peças, fica por somente R$ 1,99! Assim não há condições como fazer frente a um páreo duro como esse.

Preocupada em perder o emprego, Francis manda o namorado, Carlos Eduardo (o cantor Xande de Pilares, do Grupo Revelação, estreando no cinema), trabalhar no concorrente para descobrir o segredo dos preços tão baixos. E aí acaba o filme – ou ao menos a ideia que até então tentava se defender. Pois escrito por cinto autores e ao longo de mais de dez anos, o roteiro de Made in China é tão irregular e impreciso em suas propostas que é praticamente impossível seguir uma única linha narrativa. O que percebemos é uma série de esquetes cômicos, cada um para um personagem diferente, que se não colaboram em nada com o avanço da trama, ao menos servem para tentar arrancar um ou outro sorriso tímido da plateia.

Temos o velho comerciante que teme pelo futuro do seu negócio. O filho herdeiro e vagabundo (Luis Lobianco) que sonha em ficar com a atendente (Juliana Alves) especialista em atividades esotéricas (como ler cartas e mãos). E há ainda o chinês Chao (Tony Lee), que esconde um segredo em sua atividade empresarial, ao mesmo tempo em que controla com severidade a esposa Lai (Liú Wang) e a filha Din Din (Yili Chang), temerosas em serem mandadas de volta para sua terra natal. Todos estes tipos são apresentados aos trancos e barrancos, sem muito cuidado ou profundidade, e suas interações são tão imediatas quanto fugazes. Uma hora estão juntos, na seguinte já se separaram, e o único propósito parece buscar o riso gratuito e sem repercussão, desperdiçando qualquer possibilidade de discutir o tema abordado e suas consequências.

No entanto, o mais constrangedor de Made in China é mesmo a presença de Regina Casé. E não porque ela esteja ruim – apenas não está diferente de tudo dela que já conhecemos. Se o filme inteiro é elaborado ao seu redor, tudo o que vemos serve como escada para seu desfile, que passeia pela história sem esforço nem maiores interesses. Não há uma personagem, uma criação sendo desenvolvida. Tem-se em cena apenas a mesma Regina Casé que todo mundo já conhece da televisão e de outros produtos semelhantes, tanto pelo cenário suburbano quanto pelo humor de situação. E isso é, definitivamente, pouco para alguém que provou, em mais de uma ocasião, ser capaz de voos muito mais altos.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
4
Edu Fernandes
4
MÉDIA
4

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