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Crítica


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Sinopse

As últimas horas de Jesus Cristo, antes da crucificação, pela visão do mestre Duccio di Buoninsegna.

Crítica

A Paixão de Cristo já foi contada inúmeras vezes no cinema, com resultados dos mais variados. É a história mais conhecida de todos os tempos, afinal de contas. Por menos que você tenha lido a Bíblia ou participado de rituais religiosos, você certamente a conhece. Se no cinema ela foi adaptada à exaustão, o mesmo pode ser dito de outras expressões artísticas como a literatura, o teatro e, claro, as artes plásticas. O diretor francês Andy Guérif resolveu fazer uma mistura entre cinema e pintura, recriando na tela grande 26 painéis do artista italiano Duccio di Buoninsegna em Maèsta: A Paixão de Cristo. O resultado final é curioso, embora restrito por suas próprias limitações autoimpostas.

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Acompanhamos a Paixão desde a chegada de Jesus a Jerusalém até sua ressurreição no terceiro dia – alerta de spoiler: a crucificação abre o filme. Guérif divide a tela em 26 painéis e trabalha a ação (em alguns momentos) de forma concomitante. Na verdade, boa parte da ação acontece em dois quadros simultâneos (sejam eles quais forem), enquanto no canto superior direito da tela, dois homens se ocupam da montagem do esquife onde Cristo será sepultado.

Maestà: A Paixão de Cristo é uma produção que perderá muito do seu encanto na TV, visto que mesmo no cinema, na tela grande, é difícil conseguir enxergar tudo o que acontece naqueles pequenos quadros. Como conhecemos a história de trás para frente, o filme se aproveita disso, deixando que o espectador decifre a passagem que está sendo contada. Detalhe: cada um dos 26 painéis é filmado em plano sequência e, em dado momento, a imagem congela, nos mostrando uma recriação em carne e osso da obra de Duccio.

Apesar de ser uma forma diferente e criativa de adaptar essa passagem bíblica, Maestà parece uma oportunidade perdida por não conseguir quebrar barreiras por puro refreamento estético. Porque dividir a tela em 26 quadros quando se usa tão pouco da simultaneidade? O filme começa em quadro mais fechado e abre nos mostrando os 26 quadros. Porque não fazer isso mais vezes, ajudando na fruição do espectador? Da forma como é realizado, seu mosaico se mostra belo, mas limitado.

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Com apenas 61 minutos de duração, o filme ao menos entende essas suas limitações (até por impô-las a si mesmo) e não se estende de forma desnecessária. O desfecho, com todos os momentos principais congelados – recriando a obra de Duccio – é um fechamento mais do que apropriado a esse filme altamente conceitual.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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