Crítica
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Sinopse
O forasteiro Jack Maverick, chega à cidade de Passo Fundo, no interior do RS, para investigar uma série de suicídios que aconteceram nos últimos meses. Lá ele se envolve com Olivia, uma figura misteriosa que conhece no bar onde age o traficante Zonta. Após o desaparecimento da cantora e “pill-popper” Natasha, Jack descobre que os suicídios estão ligados a uma rede de tráfico de drogas que faz parte de uma gigantesca conspiração envolvendo um conglomerado internacional. Agora, ele precisa correr contra o tempo para salvar Natasha e sua irmã Liz, que correm risco de vida.
Crítica
O protagonista de Maverick: Caçada no Brasil chega a Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul, após uma longa viagem, cuja origem é Los Angeles, nos Estados Unidos. Nos primeiros 20 minutos de filme, ele é questionado ao menos três vezes se está na cidade gaúcha para um grande evento que vai acontecer em poucos dias. Sua resposta é sempre a mesma: "you bet". Ou, "pode apostar", em tradução livre. A "originalidade" do diálogo, que parece buscar um efeito engraçadinho, é apenas um dos vários clichês que rondam a produção capitaneada e estrelada por Emiliano Ruschel, ele mesmo gaúcho radicado nos EUA. Méritos à parte de produzir um filme de ação totalmente americanizado (algo raro na filmografia nacional), o longa-metragem falha justamente por ser um genérico de produções B de seu país inspirador.
Ruschel é o Jack Maverick do título. Uma espécie de detetive que precisa investigar uma série de assassinatos ocorridos no interior gaúcho. Todas essas mortes parecem ter a mesma ligação, algo, não será difícil de descobrir, conectado ao tráfico internacional de entorpecentes. Ele arranja uma parceira involuntária, Olivia (Larissa Vereza), jornalista e baterista de uma banda que conhece num bar; precisa salvar duas irmãs – Liz (Pietra Gasparin) e Natasha (Carla Elgert) –; se envolve com carteis, indústria farmacêutica e drogas sintéticas. Ah, e ainda tem uma espécie de superpoder (nunca bem explicado) que o permite "ver" as mortes que ocorreram.
O roteiro desta produção é um rocambole, com uma situação menos crível que a outra. A trama vai só se enrolando, se contorcendo e tudo parece ser solucionado da forma mais rápida possível – mesmo que não faça sentido algum. Mas isso é o de menos. Se o encararmos como uma grande sátira, o filme funciona por usar e abusar dos clichês do gênero. Porém, parece que Emiliano mira no Tom Cruise de Missão: Impossível e acerta em qualquer filme estrelado por Steven Seagal. A escolha específica de Passo Fundo como cenário da trama também fica à deriva. Poderia ser em qualquer lugar, mas talvez seja uma espécie de homenagem à cidade. É a única explicação possível e cabível para a seleção de Ruschel, que nasceu no município de Lagoa Vermelha (distante a 100 km de Passo Fundo).
A construção dos personagens, óbvio, também não foge aos arquétipos, seja o das mocinhas indefesas, dos traficantes com cara de poucos amigos e, claro, do anti-herói protagonista. Aquele clássico marrento de bom coração. Ruschel capricha na canastrice de seu Maverick e o que poderia ser uma crítica, acaba por ser um elogio. Afinal, essa “atuação”, velha conhecida do gênero, acaba se tornando carismática. O ator tem físico para o tipo, o que torna mais justificada (por ser a única coisa crível do longa) sua própria escolha como o principal nome do elenco. Mesmo que os diálogos em inglês comecem a perder o sentido quando se está já em solo gaúcho e se institua uma confusão macarrônica.
É um clássico filme B hollywoodiano, mas produzido em terras brasilis. Tem algumas – ênfase nisso – boas cenas de ação (mesmo que elas não façam diferença), uso cansativo da tela dividida (que até fica legal no início, mas depois se perde) e uma trilha sonora insistente, que não dá uma folga. Porém, a dica é a seguinte: coloque tudo isso no liquidificador, relaxe e tente entrar no clima. Se não for levado a sério, Maverick: Caçada no Brasil é um “bom filme ruim”. Agora, se você espera algo mais do que tiros, explosões e aquela testosterona acéfala no ar, o negócio é ficar longe daqui. Só não fique com trauma de Passo Fundo.
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