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Sinopse

Estudante solitária começando a vida universitária em Nova Iorque, nos Estados Unidos, Tracy tem uma rotina bem diferente da imaginada enquanto era secundarista. No entanto, tudo muda quando ela conhece Brooke, uma aventureira prestes a se tornar sua meia-irmã.

Crítica

A protagonista de Mistress America, Tracy (Lola Kirke). é uma garota que se encontra um tanto perdida agora que está na faculdade. Existe uma pressão pairando ao seu redor que a cobra por uma popularidade, um certo destaque e, definitivamente, alguma perspectiva. Ao mesmo tempo tímida e excêntrica, ela se resume como uma daquelas pessoas que é péssima em fazer uma ligação para alguém que não conhece. Mas isso muda quando decide dar uma chance e procurar sua mais nova meia-irmã, Brooke Cardinas (Greta Gerwig), filha do homem com o qual sua mãe está prestes a se casar. Esse momento se torna o início da construção (ou seria desconstrução?) da jovem insegura e de apetite infantil.

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Sendo o completo oposto de Tracy, Brooke é sociável, bem-humorada, sorridente e com um ar intenso de garota popular. Jogando seu nome no Google é possível encontrar fotos em colunas sociais e em blogs. Ela também se intitula autodidata. Com sua fala ágil e ansiosa, contrasta com a emblemática personagem de Gerwig em outra parceria com Noah Baumbach: Frances Ha (2012). Mas também poderia ser um tipo de evolução de Frances. Como Tracy diz, Brooke é uma daquelas pessoas que fazem você querer ser como ela. Ela inspira algo em quem está ao seu redor. Tracy logo nota a intensidade da amiga e começa a anotar detalhes do dia-a-dia de Brooke para inspirá-la a escrever um conto. Ao passo que a intimidade entre as duas cresce, a escritora aspirante começa a aprofundar o seu texto nesses detalhes, transportando as aventuras da companheira de última hora para sua história. O título acaba sendo Mistress America, baseado na ideia de uma série televisiva que a meia-irmã escolheu para a trama sobre uma garota que durante o dia leva uma vida ordinária, mas de noite é uma super-heroína.

Em uma geração que se desdobra em trabalhos e precisa encontrar um objetivo e uma ideia de pertencimento, Mistress America traz isso de forma enérgica e até histérica. Baumbach e Gerwig (que participa também como co-roteirista) apresentam novamente um relato sobre crescimento e amadurecimento, sobre essa vida de expectativas em uma estrada pavimentada pela sociedade, seja americana ou não, na qual se tornar responsável é algo natural. Mas crescer é difícil, e o diretor sabe disso desde A Lula e a Baleia (2005). Afinal, as responsabilidades de uma vida adulta não são nada bonitas. Passando pelo teste Bechdel e com diálogos inesquecíveis, a dupla de roteiristas continua excepcional com um riquíssimo subtexto. A fuga de Tracy da mediocridade caminha em paralelo aos objetivos empreendedores de Brooke. O que falta de coragem em uma, sobra na outra. Juntas elas se harmonizam, como na cena em que Brooke precisa defender um projeto para seu ex-namorado e possível investidor.

Para aqueles esperando uma Gerwig que rouba a cena, é de se lamentar. A co-protagonista está muito bem, hipnotizante, mas Lola Kirke é uma preciosidade. A química entre as duas é memorável e relembra a de grandes duplas femininas de comédias clássicas categorizadas como screwball. Essas produções, que traziam um toque de nonsense, com muitas palhaçadas e ações descontroladas, parece ser uma das principais inspirações de Baumbach, junto de uma pequena influência de Luis Buñuel, ao retratarem uma burguesia perdida e, nesse caso, levemente decadente.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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CríticoNota
Renato Cabral
8
Ailton Monteiro
7
MÉDIA
7.5

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