Crítica
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Sinopse
Crítica
Considerado um dos precursores da modernidade na pintura, devido à vanguarda de seus estudos sobre luz e cor, o inglês J.M.W Turner é o centro de Sr. Turner, mais recente filme do cineasta Mike Leigh. Diferente das abordagens que revolvem o passado do biografado em busca de uma compreensão pretensamente enriquecida e mais plural, aqui começamos a acompanhar o protagonista num instante que nada parece ter de especial em sua trajetória. A aleatoriedade serve para que não fiquemos, desde o início, demasiado presos à questão do transcorrer temporal e, portanto, também menos aferrados à necessidade de presenciar constantes transformações significativas para justificar o percurso.
Sr. Turner começa mostrando a bela relação do pintor com o pai, uma relação de cumplicidade, pelo que sabemos nas entrelinhas, cunhada em boa parte por sofrimentos compartilhados. Turner, o filho, vai e volta de casa, sempre trazendo consigo esboços que registram as andanças, seu testemunhar dos fenômenos e das pessoas. A estrutura narrativa do filme é bastante fragmentada, feita quase que totalmente de pequenos pedaços que não necessariamente se interligam da maneira mais tradicional, ou seja, nem sempre uma situação leva à outra, ao menos não imediatamente.
Enquanto figura, Turner permanece fechado a interpretações definitivas, tanto no campo pessoal quanto no profissional. Leigh não impõe seu próprio olhar, compartilhando, assim, com o espectador a tarefa da construção. Mesmo a alusão à mãe, da qual Turner parece guardar uma grande mágoa, ou a dinâmica com a ex-mulher e as filhas, elas que reclamam presença e acabam ganhando ainda mais indiferença, não se configuram necessariamente em artefatos arqueológicos de seu comportamento. Sua arte não é vista por um prisma romântico, como resultado de constantes epifanias, ou o contrário, através da negação da beleza algo misteriosa que reside no processo criativo. Esse despojamento, somado à já mencionada estrutura do roteiro que privilegia a força dos pequenos núcleos, tem lá seus efeitos colaterais, sendo o principal deles tornar o filme um tanto quanto vago e arrastado.
Há a tentativa benéfica de minimizar os conflitos, ao tirar deles qualquer possibilidade de espetacularização, por assim dizer. Fatos como o novo casamento de Turner, suas idas e vindas, a relação com os colegas pintores, seu processo de construção artística, são abordados como partes inerentes de uma vida não mais nem menos conturbada que a de qualquer um. Isso, talvez, seria ainda mais eficiente não fosse a forma como Leigh chama a atenção para aspectos que, pouco desenvolvidos ou até totalmente deixados de lado, acabam soando apenas como episódios incontornáveis de menção obrigatória. Interpretando o protagonista, Timothy Spall faz um trabalho admirável, com destaque para a atuação no terço final do filme, no qual seus grunhidos expressam Turner ainda melhor que as palavras.
As belas imagens de Sr. Turner dialogam com o trabalho do biografado que retratava constantemente o mar e suas revoltosas águas, entre outras situações e/ou paisagens que fornecessem atributos suficientes para aguçar seu ímpeto criador. Essa aproximação pictórica deflagra um diálogo de Leigh e Turner, e mais, o respeito do primeiro com relação ao trabalho do segundo, num filme irregular no todo, porém de passagens cuja beleza, visual ou não, fazem plenamente valer a sessão.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 6 |
Francisco Carbone | 6 |
Roberto Cunha | 6 |
MÉDIA | 6 |
Concordo plenamente:"Timothy Spall faz um trabalho admirável", Lindo de ver!