Na Próxima, Acerto o Coração
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Cédric Anger
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La prochaine fois je viserai le cœur
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2014
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França
Crítica
Leitores
Sinopse
Uma região da França é assolada por assassinatos em série no fim da década de 1970. Um policial introspectivo é designado a investigar os crimes, mas na verdade ele sabe mais do que as pessoas imaginam a respeito disso.
Crítica
Sob a carapuça de cidadão responsável e acima de qualquer suspeita, Franck (Guillaume Canet) esconde um irrefreável instinto assassino. Baseado em fatos, Na Próxima, Acerto o Coração traz à tona a história desse membro da Guarda Nacional que aterrorizou Olse, na França, no fim dos anos 1970. Estamos menos no terreno do filme policial e mais no do drama psicológico. Embora boa parte da ação se dê nos procedimentos de investigação, na caça da polícia e da própria Guarda pelo matador, o que realmente importa ao diretor Cédric Anger é estar próximo do protagonista, dissecando-o, não como quem busca motivações ou algo similar, mas mostrando a imprevisibilidade do comportamento humano, a linha tênue que separa civilidade e barbárie. Visualmente, o clima setentista do longa é garantido pela direção de arte e a excelente fotografia de Thomas Hardmeier.
Uma vez ambientados, somos convidados a seguir Franck de perto. Tornamo-nos, assim, testemunhas privilegiadas da série de ataques contra mulheres encontradas aleatoriamente na rua. Há pistas que nos permitem tatear alguma compreensão. A aversão do protagonista a elementos alusivos à promiscuidade, isso, claro, segundo sua ótica corrompida, é uma delas. A afeição por expedientes militares, algo visto tanto no manuseio de artefatos quanto na audiência a programas centrados no exército, é outra. Por fim, a autoflagelação, penitência que ele chega a defender verbalmente num passeio pela floresta com o irmão caçula, efeito de uma deturpação extrema dos conceitos de pecado e absolvição. Somadas, essas características nos ajudam a minimamente dimensionar a fraturada psique desse personagem, em meio a tanta violência aparentemente gratuita por ele gerada. Mas, como dito acima, Na Próxima, Acerto o Coração se atém às prováveis causas somente o necessário para não soar vago.
O trabalho impressionante de Guillaume Canet é, sem dúvida, responsável por manter nosso interesse constante nesse personagem que perambula pelas ruas à procura da próxima a quem matar. O semblante enigmático, a expressão das sensações conflituosas que emergem frente à morte alheia, são recursos do ator a serviço da construção precisa de uma figura que comumente chamaríamos de monstro, talvez para afastarmos a possibilidade de algo extremo e brutal, como os assassinatos em série, advirem de um humano. O envolvimento de Franck e Sophie (Ana Girardot), única mulher de quem ele se aproxima com certa ternura, não traz maiores desdobramentos a Na Próxima, Acerto o Coração. Esse breve romance serve apenas para inserir o protagonista num contexto distinto dos demais, para mostrar, sem muitas ressonâncias, sua frágil capacidade de afeiçoar-se.
Cédric Anger sustenta muito bem a tensão do filme. À medida que o até então cuidadoso Franck vai deixando pistas pelo caminho, a urgência se intensifica. Os fatos, alterados ligeiramente pelo diretor em benefício da construção ficcional, não permitem a Na Próxima, Acerto o Coração um final surpreendente ou ainda a leitura ambígua. Ciente disso, Anger, desde o início, privilegia a complexidade do personagem em detrimento dos efeitos de seu comportamento maníaco. Assim, a perseguição que ele ajuda a empreender contra si mesmo, as possíveis motivações, a própria interação com os demais, tudo é menos importante que a proximidade do espectador com sua singularidade. Anger e Canet não buscam despertar empatia por Franck, nem tornar banais ou justificáveis seus atos. Contudo, tampouco o pintam como uma anomalia pura e simples.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 7 |
Francisco Carbone | 8 |
Chico Fireman | 6 |
Alysson Oliveira | 7 |
MÉDIA | 7 |
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