Crítica
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Sinopse
O músico Jimmy conhece a cantora Francine no dia em que acaba Segunda Guerra Mundial. Desse encontro inesperado surge uma parceria artística e um romance que serão constantemente balançados pelas turbulências.
Crítica
New York, New York talvez seja o maior equívoco da carreira de Martin Scorsese. Inebriado pelo sucesso, tendo à mão duas das maiores estrelas do momento e registrando aqui sua primeira incursão por um gênero pelo qual é apaixonado, o cineasta tomou praticamente todas as decisões erradas na condução do projeto, atingindo um resultado que inclusive ele, hoje em dia, confessa ser decepcionante. Misto de homenagem aos grandes musicais dos anos 1940 e obra contemporânea focada em um cinema novo que começava a se formatar na época, é um trabalho anacrônico, desconectado da realidade e longe do estilo que pretendia prestar referência. Construído de forma solta, sem uma única amarra que pudesse guiá-lo por um caminho mais elaborado, frustra até as mais entusiasmadas expectativas, além de ter envelhecido muito mal nestes mais de trinta anos após seu lançamento.
Robert De Niro (recém premiado com o Oscar por O Poderoso Chefão 2, 1974) e Liza Minnelli (vencedora da estatueta dourada cinco anos antes por Cabaret, 1972) são os protagonistas desta história conduzida de forma turbulenta e sem um norte elaborado. Ele é Jimmy Doyle, um saxofonista veterano da Segunda Guerra Mundial que, no dia da vitória, quando a população está nas ruas comemorando, encontra pela primeira vez Francine Evans, também oficial e que pretende seguir carreira como cantora. A atração entre os dois, apesar de conturbada desde o princípio, será imediata. E assim passarão pelos próximos anos, entre altos e baixos, declarações de amor e brigas constantes. Ambos buscam o sucesso em suas atividades artísticas, porém a competição de egos e o pouco espaço que deixam para a relação pessoal que aos trancos tentam construir, um filho surgirá e o inevitável afastamento a partir do momento em que suas prioridades se transformam.
Vários são os problemas mais perceptíveis. De Niro parece ser o único em cena legitimamente preocupado em construir um personagem com conteúdo e história. Liza, por outro lado, apenas aparece para ser a estrela que de fato se tornaria – hoje em dia ela aparentemente abandonou o cinema, apenas para se concentrar na música. Os dois não possuem uma química envolvente quando juntos, e a paixão que os une não convence por inteiro. A cena do pedido de casamento, por exemplo, é digna de destaque, pois é inevitável ao espectador se questionar a respeito do que ambos estão fazendo, uma vez que a impressão que se tem é a de que não se suportam mutuamente. Outro fator foi a constante improvisação – tanto Scorsese quanto Minnelli afirmaram posteriormente que praticamente todos os diálogos do filme foram inventados no momento das filmagens, sem um roteiro conciso e prévio que os unisse e que pudesse ser estudado.
New York, New York é um musical distante do formato tradicional, pois as músicas são pontuais e sem interferência no enredo. É também uma ode à cidade mais famosa do mundo, porém sem uma única cena filmada em locação: tudo é feito em estúdio, em cenários artificiais que, ao invés de servirem como referência, soam mais como amadores. E até a própria canção-título, que só viria a se tornar famosa alguns anos depois ao ser regravada por Frank Sinatra, acabou eclipsada pelo fracasso do filme: nem indicada ao Oscar ela foi, para se ter ideia. No final, temos um trabalho que aponta para vários lados, busca seguir diferentes formatos, mas acaba sem ir a lugar nenhum, a despeito dos talentos reunidos. Um legítimo exemplo de que a soma das partes nem sempre é equivalente aos valores individuais.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Alysson Oliveira | 7 |
Chico Fireman | 7 |
Rodrigo de Oliveira | 5 |
Cecilia Barroso | 6 |
Miguel Barbieri | 8 |
MÉDIA | 6.2 |
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