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Crítica


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Sinopse

Conforme uma profecia bíblica, milhões de pessoas irão desaparecer misteriosamente e o mundo será tomado pelo caos. Mas um pequeno grupo de sobreviventes liderados pelo piloto de avião Rayford Steele tenta sobreviver em meio ao cenário desolador.

Crítica

Como foi comentado na crítica de Fúria (2014), Nicolas Cage dedica uma boa parte de seu tempo a filmes que não tem muita ambição artística. É como se o ator estivesse, basicamente, atrás de um cheque que pague suas contas. No entanto, às vezes ele se supera na escolha desses projetos, fazendo jus à fama de que topa qualquer coisa. O Apocalipse é um bom exemplo disso, afinal, temos aqui uma produção que falha nos mais diversos sentidos.

Servindo como reboot no cinema para a série literária Deixados Para Trás (que ganhou uma trilogia de filmes entre 2000 e 2005), O Apocalipse mostra o fim dos tempos seguindo o conceito do Arrebatamento, que diz que os únicos indivíduos dignos de salvamento são àqueles que acreditam em Deus. Assim, em um dia aparentemente comum, milhões de pessoas simplesmente desaparecem, deixando o restante da população em um verdadeiro caos. Nisso, somos apresentados ao piloto Rayford Steele (Cage), que busca manter a calma entre os passageiros de seu avião e descobrir o que está acontecendo. Para isso, ele contará com a ajuda do jornalista investigativo Cameron Williams (Chad Michael Murray). Já a filha de Rayford, Chloe (Cassi Thomson), está em busca do irmão, Raymie (Major Dodson), e da mãe, Irene (Lea Thompson), que estão entre os desaparecidos.

O Apocalipse passa seus primeiros minutos apresentando os personagens e seus dramas pessoais. Eles, no entanto, se revelam tão aborrecidos e estúpidos que é difícil se importar com qualquer um ao longo da projeção – e o fato de termos um péssimo elenco em cena não melhora as coisas. Cage, por exemplo, surge tão no piloto automático que é uma surpresa não o encontrarmos dormindo em certos momentos. Consequentemente, o diretor falha em todas as suas tentativas de tornar a narrativa intrigante, se mostrando inábil em criar qualquer tipo de tensão. Vic Armstrong, na verdade, revela ser um realizador que não sabe o que fazer com a câmera, já que não é raro vermos cenas um tanto desengonçadas tecnicamente, como quando Chloe usa um carro para limpar a pista. Sem falar que, ao menos num ponto de vista estético, o filme é simplesmente decepcionante, com efeitos visuais capengas dignos de produções trash.

Se esses aspectos já seriam suficientes para colocar O Apocalipse entre os piores do ano, ele ainda encontra problemas na forma como o roteiro trata a discussão envolvendo religião. É algo que soa bobo tanto na base da história com o Arrebatamento (que poderia ser interessante caso houvesse uma crítica bem construída à intolerância que esse conceito traz) quanto nas conversas que os personagens têm sobre suas crenças. Aliás, tais conversas são inseridas de um jeito forçado pelo roteiro, evidenciando a pobreza com relação ao desenvolvimento da história. Além disso, Armstrong parece achar que o público tem dificuldade para perceber a natureza religiosa do filme, focando constantemente em Bíblias e certas passagens para ressaltar como isso é um detalhe importante.

Em determinado momento de O Apocalipse, um personagem diz que todo o caos foi apenas o começo. Se esse começo já foi torturante, é melhor nem sabermos como será o resto. E é triste ver um ator talentoso como Nicolas Cage protagonizando uma porcaria deste nível.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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Thomas Boeira
1
Roberto Cunha
1
MÉDIA
1

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