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Sinopse

Ano de 2018. John Connor é designado para liderar a resistência humana contra o domínio das máquinas. Quando encontra Marcus Wright, fica sabendo que a última memória que ele possui é de estar no corredor da morte. Connor precisa descobrir se Wright foi enviado do futuro ou resgatado do passado.

Crítica

Quarto episódio de uma das séries mais cultuadas do cinema hollywoodiano, O Exterminador do Futuro: A Salvação é quase um (novo) reinício da saga, uma vez que esta é a primeira sequência sem uma participação efetiva do astro Arnold Schwarzenegger, que aparentemente abandonou a carreira de ator para seguir na política (atualmente ele é o governador do estado da Califórnia, nos EUA). Schwarza, aliás, até aparece rapidamente, quase no final, graças à tecnologia digital – seu rosto foi inserido via computador no corpo do dublê Roland Kickinger, numa técnica semelhante à empregada em O Curioso Caso de Benjamin Button (2008). Este, no entanto, é um dos momentos mais emocionantes numa trama que, em seu todo, é muito morna. Não chega a incomodar, pois é respeitosa com a cronologia já estabelecida, porém não acrescenta nada de novo. E o resultado, a despeito de todas as explosões, correrias e perseguições, é de provocar bocejos.

Para entender a nova história, o melhor é voltar no tempo – algo bastante comum neste universo. Em O Exterminador do Futuro (1984), num futuro não muito distante as máquinas criadas pela empresa Skynet, dotadas de inteligência artificial, dominaram o mundo e passaram a considerar o ser humano uma ameaça, buscando eliminá-lo a todo custo. A Resistência Humana é comandada por John Connor (que não chega a aparecer). A Skynet, portanto, envia ao passado um dos seus melhores robôs, o modelo T-800 (Schwarzenegger, que, sim, era o vilão) para assassinar Sarah Connor (Linda Hamilton), mãe de John, antes mesmo dela engravidar do filho. A Resistência, por sua vez, utilizando o mesmo processo de viagem temporal, envia um dos seus melhores soldados, Kyle Reese (Michael Biehn), para defendê-la. No final, o rapaz não só consegue cumprir sua missão, como vai além – os dois se envolvem romanticamente e ela acaba engravidando dele, numa ligação que torna Kyle pai de John!

O segundo filme, O Julgamento Final (1991), é praticamente um repeteco do primeiro, acrescido de muitos – e inéditos – efeitos especiais (um dos 4 Oscars conquistados pela produção). Desta vez a Skynet encaminha ao passado um novo modelo robótico, o T-1000 (Robert Patrick), ainda mais poderoso que o anterior, para tentar matar John Connor (Edward Furlong) quando adolescente. A Resistência, mais uma vez buscando evitar a tragédia, encaminha para tentar salvar o rapaz o robô ultrapassado, T-800 (Schwarzenegger), que desprezado pela empresa que o criou está a serviço dos homens. No final percebe-se que T-800 está deixando de ser apenas um mero pedaço de metal, passando a adquirir sentimentos e emoções. Assim, permanece no passado, sendo fundamental para lutar ao lado de Connor (agora tendo Nick Stahl como intérprete) em O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas (2003), que mostra o momento em que a Skynet se rebelou contra a Humanidade.

Agora, por fim, dois elementos recorrentes na série foram deixados de lado: os passeios no tempo e um divertido humor negro, uma ironia que amenizava a barra pesada encarada pelos personagens, tornando tudo mais atraente e icônico. E o mais curioso é que o diretor deste novo longa é McG, responsável por As Panteras (2000), que combinava boas cenas de ação com um senso cômico contagiante. Pois agora ele deixou de lado qualquer graça, como que contaminado pela carranca de Christian Bale. E assim, além de repetitivo, torna-se ainda cansativo e desprovido de charme.

Em A Salvação, John Connor (Bale) está no auge de sua guerra contra a Skynet. Quando acredita ter descoberto o modo de impedir as máquinas de seguirem com seus planos diabólicos, surge um desconhecido (Sam Worthington) que acredita ser humano, apesar de ter sob sua pele nada além de ligas metálicas e fios. Ou seja, é a combinação entre o homem e o robô, e faz parte de um plano ambicioso da própria Skynet para o domínio da Terra. Mas como já foi visto anteriormente na própria série, quando a inteligência artificial é afetada por uma consciência emocional os resultados serão sempre imprevisíveis.

Christian Bale tem um grande problema. Por mais que tentem transformá-lo em astro, ele sempre acaba ofuscado por outros. Se em O Cavaleiro das Trevas (2008), mesmo sendo o Batman, todos os holofotes se dirigiram ao Coringa de Heath Ledger, agora novamente acaba em um segundo plano, apesar da condição de protagonista: Worthington é o destaque, e praticamente o único a conseguir despertar algum tipo de reação mais entusiasmada da audiência. É ele o elemento surpresa, o que responderá pelas melhores reviravoltas e conduzirá a platéia às situações que definirão o rumo dos personagens. E o ator está à altura do desafio, com pinta de herói e boa carga dramática. Uma novidade positiva no meio de tanta bobagem e desperdício.

O Exterminador do Futuro: A Salvação não surpreende nem emociona, permanecendo pela maior parte do tempo longe da plateia. As boas cenas de ação remetem de imediato a outras igualmente competentes (tem sequências que parecem ter sido retiradas por inteiro de qualquer Transformers), o diretor parece assustado com a responsabilidade de dar continuidade a algo criado pelo próprio Cameron (que dirigiu os dois primeiros filmes) e nem o grande elenco, que conta ainda com nomes como Helena Bonham Carter, Anton Yelchin, Bryce Dallas Howard e Jane Alexander (quatro vezes indicada ao Oscar), consegue criar uma maior empatia. Melhor mesmo é passar longe e assistir aos dois longas que deram início a esta mitologia e que, ao menos, possuem algo a ser dito.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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