Crítica
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Sinopse
O psicólogo infantil Malcolm Crowe abraça com dedicação o caso de Cole Sear. O garoto, de 8 anos, tem dificuldades de entrosamento no colégio e vive paralisado de medo. Malcolm, por sua vez, busca se recuperar de um trauma sofrido anos antes, quando um de seus pacientes se suicidou na sua frente.
Crítica
No final do segundo semestre de 1999, o mundo do cinema ficou boquiaberto com um fenômeno nas bilheterias. A Bruxa de Blair (1999) estreava nas salas de todo o mundo quebrando recordes e mostrando ao público que existia uma nova maneira de fixar as pessoas nas poltronas, temendo o próximo passo dos protagonistas. Menos de um mês depois, ainda não refeitos do susto da bruxa, eis que o filme de um diretor até então desconhecido chega aos cinemas, surpreendendo com sua atmosfera de espanto. Este diretor é M. Night Shyamalan e seu trabalho: O Sexto Sentido.
No longa-metragem, Bruce Willis interpreta o psiquiatra infantil Malcolm Crowe, um homem atormentado pelo seu passado. Na noite em que venceu um prêmio especial por sua carreira, Crowe reencontra um rapaz que havia tentado curar, porém sem sucesso. Ele alega que o doutor não foi capaz de ajudá-lo e acaba desferindo um tiro contra ele, matando-se logo depois. Um ano após este acontecimento, Malcolm conhece o garotinho Cole Sear (Haley Joel Osment). Com as mesmas características de seu outro paciente, Crowe acredita que se conseguir ajudar o menino, estaria de alguma forma ajudando a si mesmo e àquele rapaz com quem havia falhado. Porém, Cole possui um segredo que deixará o psiquiatra e a todos na audiência com arrepios. Ele vê fantasmas, que o machucam e o atormentam o tempo todo.
O roteiro foi escrito pelo próprio diretor e foi extremamente bem concebido. Shyamalan cria uma atmosfera de suspense durante a história toda e, o mais importante: sabe desenvolver muito bem os seus personagens. A mãe de Cole, por exemplo, interpretada por Toni Collette, é uma mulher batalhadora, forte. Porém, se vê com as mãos atadas quando se trata do filho. Ela percebe que não consegue ajudá-lo, até porque não sabe o que acontece com a criança. Imaginem a dor e amargura de uma mãe que não pode fazer nada por sua cria? Está lá, no trabalho magnífico de Collette e na escrita afiada de Shyamalan.
Cada personagem no longa possui um sofrimento diferente, que é explorado e que ajuda a trama a fluir. Crowe, além de culpar-se por não ter conseguido ajudar seu paciente no passado, está vendo seu casamento ruir e não vê como salvá-lo, pois sente-se um estranho na presença de sua esposa, interpretada por Olívia Williams. Já o garoto Cole Sear, além de ser atormentado por assombrações, não consegue fazer amigos na escola, pois todos o acham esquisito.
O final do longa-metragem deixou a audiência espantada, fato que ajudou na ótima bilheteria da produção. Muitos voltavam aos cinemas para assisti-lo novamente, na tentativa de confirmar o que haviam visto. Em entrevista à época, o produtor executivo Frank Marshall afirmou que uma das preocupações de todos ao filmar a história era que o público não fosse enganado. Ou seja, os que assistem pela segunda vez poderiam tirar a prova real de que tudo o que foi apresentado estava na frente dos seus olhos o tempo todo.
Sobre a escolha do elenco, Shyamalan arriscou-se ao contratar Bruce Willis no papel principal. O ator, na época, fazia filmes que não estavam chamando a atenção da audiência e, ainda por cima, tinha o nome associado à produções de ação. O ator também teve sua parcela de risco, ao encabeçar o filme de um diretor até então desconhecido. Ambos saíram ganhando. Shyamalan extrai uma das melhores performances de Willis. Mas a verdadeira estrela do filme é Haley Joel Osment. Indicado ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante por seu trabalho, o garoto está perfeitamente assustador ao retratar toda a angústia e medo de seu personagem. Méritos não só de Osment, mas também do diretor, que prova ser um profissional que consegue tirar o máximo de seu cast. Falando em Oscar, O Sexto Sentido foi um dos poucos filmes de terror que foram indicados ao prêmio máximo da Academia. Ao todo foram seis indicações à estatueta, incluindo Melhor Diretor, Atriz Coadjuvante para Toni Collette, Edição e Roteiro Original. O filme acabou não levando nada para casa, mas fez com que a platéia ficasse de olhos abertos nos próximos trabalhos do cineasta.
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