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Sinopse
Uma jovem é raptada por uma sociedade secreta de elite e acorda em um bunker com outras 50 mulheres. Elas serão forçadas a lutar entre si até a morte para satisfazer os desejos sádicos dos seus raptores. Além disso, os entes queridos das perdedoras também terão que pagar os preços de sua perda.
Crítica
Zoë Bell é mais conhecida por seu trabalho como dublê em vários filmes, entre eles produções comandadas por Quentin Tarantino (foi ela quem ajudou Uma Thurman nas cenas de ação de Kill Bill: Vol. 1, 2003). Mas ela vem se destacando nos últimos tempos também como intérprete, como quando foi uma das ótimas surpresas de À Prova de Morte, outro projeto de Tarantino, em que apareceu como uma das protagonistas. E agora, encabeça o elenco deste Raze, filme de ação de baixo orçamento que não só revela ser uma produção eficiente como também prova que Bell merece ganhar outras oportunidades como protagonista.
Escrito por Robert Beaucage a partir de um argumento feito por ele em parceria com Kenny Gage e o diretor Josh Waller, Raze acompanha Sabrina (Bell), que foi sequestrada por uma organização e colocada ao lado de outras 49 mulheres em um cativeiro. Ela se vê obrigada a lutar até a morte com suas “companheiras”, em uma espécie de torneio transmitido para figuras poderosas e organizado pelo casal Joseph (Doug Jones) e Elizabeth (Sherilyn Fenn). Caso as participantes se recusem a lutar ou saiam da arena derrotadas, os responsáveis pelo evento mandam eliminar seus entes queridos. No caso de Sabrina, a filha dela é quem vira um alvo.
Levando em conta sua trama, Raze poderia resultar em uma obra misógina. No entanto, o roteiro surpreende ao construir personagens femininas que ganham maior aprofundamento, oferecendo peso dramático à história. Assim, quando Sabrina ou suas amigas Cody (Bailey Anne Borders) e Teresa (Tracie Thoms, também presente em À Prova de Morte) saem para lutar, nos importamos com elas e nos identificamos com sua situação (afinal, é mais fácil criar um elo emocional com alguém que está vulnerável).
Enquanto isso, as cenas de luta são bem conduzidas por Josh Waller, que deixa sempre claro para o espectador o que está acontecendo na tela, inevitavelmente representando a parte brutal do longa. O diretor investe em um gore impactante por mostrar o que as lutadoras são capazes de fazer com as próprias mãos, trazendo um grande peso para seus atos. Logo na primeira luta, por exemplo, o rosto de uma delas é totalmente dilacerado. E é exatamente por isso ser um elemento forte que Waller toma a decisão de manter a câmera focada apenas no rosto de quem está finalizando a luta, usando flashes do rosto da perdedora e efeitos sonoros para dar uma ideia do resultado dos golpes desferidos. O que, por sinal, é o bastante.
Mas é mesmo Zoë Bell o grande destaque. Ela faz de Sabrina uma personagem forte e demonstra ter um alcance dramático admirável. Isso, somado à ótima dinâmica com Bailey Anne Borders e Tracie Thoms, resulta nos momentos mais tristes do filme. Bell ainda encara a parte física das cenas de ação tranquilamente, detalhe que também não é nenhuma surpresa. Já Doug Jones e Sherilyn Fenn criam vilões apropriadamente insanos. Esta última, por sinal, é até mais cruel e não deixa de ser tratada pelo roteiro como uma traidora do próprio gênero.
Trazendo um comentário social interessante de como as mulheres se veem constantemente em posições de subserviência, Raze até pode ser um pouco esquemático e contar com alguns clichês, como a velha figura da lutadora vilã que quer matar a protagonista (e que eventualmente acabam se enfrentando). Mas é um filme que no geral funciona muito bem, tornando-o uma das boas surpresas do Fantaspoa 2014.
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