Shaun: O Carneiro
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Mark Burton, Richard Starzak
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Shaun the Sheep Movie
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2015
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Reino Unido / EUA / França
Crítica
Leitores
Sinopse
Shaun queria apenas uma folga para se divertir. Mas, em virtude de uma confusão, ele e os demais animais da fazenda acabam parando na cidade grande, de onde eles precisam sair urgentemente se quiserem ter paz.
Crítica
Shaun é um cara de bem com a vida. Tem muito tempo de sobra, garantia de um teto sobre sua cabeça e comida nos horários certos, amigos ao redor e o futuro garantido, trabalhando como fonte de uma matéria prima aparentemente inesgotável. Só há um problema, no entanto: o tédio. E no exato momento em que decide mudar a ordem das coisas para fazer algo diferente, seus problemas começam. Uma vez desencadeados, será quase impossível pará-los. Justamente por isso, seus esforços para assumir novamente o controle da situação deverão ser extraordinários. Ainda mais se levarmos em conta que, bom, vamos encarar a verdade: Shaun é um carneiro! E protagonista justamente de Shaun: O Carneiro, um conto divertido, dinâmico e emocionante, uma pequena surpresa que pode – e deve – ser descoberta sem contraindicações por espectadores de qualquer idade.
Shaun é mais uma criação do incrível Nick Park, o mesmo homem por trás dos fantásticos Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais (2005) – este vencedor do Oscar de Melhor Longa de Animação – e A Fuga das Galinhas (2000). Lançada como série de televisão em 2007, a animação em stop motion – aquela característica do estúdio inglês Aardman, como vista também nos sucessos Por Água Abaixo (2006) e Piratas Pirados (2012) – tem um visual aparentemente ultrapassado (que serve para brincadeiras da direção de arte, como o uso de fitas cassete ao lado de óculos infravermelhos), mas é hábil em manter um ritmo constante no desenrolar dos acontecimentos, a ponto de nunca ser cansativo ou decepcionante. E isso que estamos falando de um filme sem falas ou diálogos – exatamente, nem uma palavra é proferida pelos personagens, ainda que haja sons e interjeições o tempo todo, além de uma muito bem empregada trilha sonora (que em alguns momentos chega a lembrar o virtuosismo sonoro de Birdman, 2014).
Como bom membro da família das ovelhas, a única preocupação de Shaun é o momento da tosa, quando o dono da fazenda vem colher o que lhe é de direito (ou assim pensa). Decidido a ter um dia de folga, convence as colegas a enganar Bitzer, o cachorro, e aplicar um golpe no fazendeiro, colocando-o para dormir em uma artimanha infalível (responsável por uma das melhores piadas do filme). Só que o trailer onde ele é deixado para essa soneca acaba se soltando e, descontrolado e sem rumo, termina indo parar no meio da Cidade Grande em um acidente que o deixa desmemoriado. Sem lembrar de onde veio e de suas responsabilidades com os animais – ou seria com os amigos? – caberá à Shaun, Bitzer e aos demais cordeiros levá-lo de volta para casa. Não sem antes, é claro, enfrentar um novo perigo: o fiscal do serviço de controle de animais.
Richard Starzak (que já estava envolvido com o personagem desde o programa televisivo) e Mark Burton (que assinou o roteiro de títulos conhecidos, como Madagascar, 2005) estreiam juntos como realizadores de longa-metragem com Shaun: O Carneiro, em um trabalho digno das expectativas levantadas – antes mesmo do lançamento por aqui já havia sido premiado no Anima Mundi. A engenhosidade que criam para o desenvolvimento da trama, que alterna humor físico com situações absurdamente cômicas, eleva a graça da produção a níveis de terna sensibilidade. Não se está diante de uma história que irá provocar altas gargalhadas, mas os sorrisos e estimula são mais intensos e duradouros, construídos de forma progressiva e embasados por um argumento dotado de muita inteligência e percepção. Um filme raro, e por isso mesmo, genial.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Bianca Zasso | 7 |
Chico Fireman | 7 |
Cecilia Barroso | 7 |
Francisco Russo | 7 |
Marcelo Müller | 7 |
MÉDIA | 7.2 |
Assisti este filme com minha filha de 5 anos e meio e adorei porque não tem diálogo... Lembra filmes do Chaplin, filmes mudos... delicioso de assistir e engraçado... a parte do restaurante é a melhor parte, para mim!!!! hehehehe...