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Sinopse
Solteiros com Filhos: Julie e Jason são melhores amigos há muitos anos e decidem ter um filho juntos, mas mantendo suas vidas amorosas separadas. O plano parecia ótimo, mas os dois começam a namorar outras pessoas e arriscam a harmonia existente entre eles. Comédia.
Crítica
Leslie (Maya Rudolph) e Alex (Chris O’Dowd) tem uma boa notícia para contar aos amigos: estão “grávidos”! Ben (Jon Hamm) e Missy (Kristen Wiig) mal tem tempo para comemorar com o casal, pois estão tão apaixonados que qualquer desculpa é motivo para irem transar no banheiro do restaurante, no estacionamento do shopping ou em qualquer outro lugar. Julie (Jennifer Westfeld) e Jason (Adam Scott) ficam felizes com a novidade, ao mesmo tempo em que possuem uma certeza: aquele não é um caminho para eles. Os dois são solteiros, satisfeitos com suas vidas e com a liberdade que possuem. Ou ao menos é assim que pensam no início de Solteiros com Filhos, uma interessante comédia de costumes que consegue fugir pela maior parte do tempo do tradicional esquema hollywoodiano justamente por ter surgido no meio independente, com mais liberdade, menores orçamentos e muito mais criatividade.
Escrita, dirigida e protagonizada de Westfeld, que chamou atenção pela primeira vez na comédia lésbica Beijando Jessica Stein (2001), Solteiros com Filhos tem como foco principal a vida de duas pessoas muito íntimas, porém não sexualmente atraídas uma pela outra, que decidem ter um filho juntas. Com o passar dos anos eles percebem que os casais de amigos, antes tão apaixonados e cheios de esperanças e planos, atualmente vivem em mundos completamente diferentes, em que a cobrança, a insatisfação e o eterno cansaço vindo das exigências que a paternidade lhes impõem ditam cada momento dos seus dias. Os dois acreditam, portanto, que justamente por não serem apaixonados um pelo outro tudo deverá ser mais fácil entre eles, e por isso o arranjo será perfeito. E apesar da estranheza geral do acordo, um filho surge. Ele vira pai, ela se torna mãe, porém sem expectativas um em relação ao outro, e a amizade que os une permanecerá intocável. Ou não.
A dúvida surge porque, por mais que a trama se imponha de forma descolada e esperta, entre idas e vindas acabaremos no campo da comédia romântica, o gênero mais maltratado por cineastas do mundo inteiro. A questão principal parece ser uma daquelas tão exploradas por revistas femininas, no estilo “homens e mulheres conseguem ser apenas amigos?” A resposta, obviamente, ao menos no cinema americano, é um belo e sonoro não. E lá pelas tantas um irá se apaixonar pelo outro, com certeza não será correspondido de imediato, os dois deverão sofrer muito até o final, que não deverá guardar surpresas a ninguém. O caso, no entanto, não é o início (superior à média) ou o fim (igual a todos os outros), mas sim o meio (que também mantém o nível acima do esperado).
Além do sexteto de atores em notável evidência – Rudolph, O’Dowd, Wiig e Hamm estiveram recentemente juntos no absurdo sucesso de bilheteria Missão Madrinha de Casamento (2011) – há ainda as participações de Megan Fox e Edward Burns, como os interesses românticos dele (Fox) e dela (Burns), atraentes o suficiente para despertarem ciúmes nos outros personagens, mas rasos demais para serem convincentes ao público. E por fim Solteiros com Filhos se contenta com o previsível, mesmo que o caminho até lá tenha sido no mínimo curioso. É um daqueles filmes que valem pelos intérpretes, pelos bons diálogos e pelo belo cenário de Nova York. Nada que irá mudar a vida de ninguém, mas o suficiente para garantir um bom programa a dois. E, quem sabe, a três.


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