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Crítica


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Sinopse

A descoberta de cinco fitas VHS são o gatilho para a realização de um filme. Anos depois, essas imagens são revistas.

Crítica

O cinema surge dos lugares mais inesperados. Quando pelo caminho tradicional, surge de uma ideia que assume a forma de roteiro para, então, chegar às telas. Por outras vezes, a essência da obra se manifesta praticamente pronta, revelada através de uma experiência pessoal ou de um sonho. No caso dos irmãos Borela, Henrique e Marcela, Taego Ãwa se apresentou ainda mais pronto, pois foi fruto do encontro acidental com uma série de VHS guardados em uma universidade. Aos diretores coube dar destino ao conteúdo que retrata o cotidiano da tribo indígena Ãwa.

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Ao contrário do que se possa imaginar, o acesso imediato ao material não tornou o trabalho mais simples. O que poderia ser pensado como desfecho tornou-se, ao final, ponto inicial para a construção de uma narrativa que encadeia registros antigos com filmagens recentes, criando uma comparação imagética que resulta no olhar crítico da passagem do tempo - em geral, associada ao desenvolvimento - no coração da cultura indígena. Ao embutirem forma e ordem aos vídeos dispersos, a dupla na direção conferiu sentido ao documentário.

Apresentado nos moldes dos registro etnográficos, como os realizados por John Marshall e Robert Gardner (The Hunter, 1962) e Jean Rouch (Eu, um Negro, 1958), os Borela constroem a identidade da tribo por meio de um conjunto de atividades culturais. Caça, pesca, rituais e organização social serão responsáveis por definir a face dos Ãwa perante o público. Quando contrastadas com mais de 30 anos de diferença, as práticas sinalizarão as mudanças do meio responsáveis por afetar o comportamento dos índios.

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No papel de crítica à violência sofrida pela tribo, o discurso é eficiente ao alardear o descaso com o qual o Brasil trata a questão indígena no conjunto de suas políticas. Ainda que não fuja do vício de idealizar o habitat, repercutindo a sucessão antes-depois como uma conclusão reducionista dos valores do ontem e do hoje, Taego Ãwa é um competente exemplo de linguagem cinematográfica empregado para destacar a carência de ouvidos públicos dispostos a escutar os que falam em nome de poucos - mas que um dia foram muitos.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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CríticoNota
Willian Silveira
6
Chico Fireman
6
MÉDIA
6

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