Crítica
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Sinopse
John pede ao Papai Noel que seu ursinho de pelúcia ganhe vida, o que acaba acontecendo. Os anos passam e o brinquedo fica bastante mal humorado com a idade. Uma ameaça a essa amizade vai colocar as coisas em xeque.
Crítica
Você é fã das séries Uma Família da Pesada, American Dad e The Cleveland Show? Conhece o criador delas, Seth MacFarlane? Gosta de humor politicamente incorreto? Bom, se a resposta for positiva para todas estas perguntas, então Ted não vai ser problema nenhum se o seu objetivo é dar boas e altas gargalhadas. Se não, é bom nem começar a ler este texto. O que temos aqui não é um filme fofinho para menores de 18 anos.
Em mais uma sátira dos valores norte-americanos, o longa começa em 1985, quando o pequeno John ganha um urso de pelúcia de Natal. Ele gosta tanto do brinquedo que faz um pedido para que Ted ganhe vida – o que acaba acontecendo. Logo o “ursinho meigo” torna-se uma celebridade, mas após 22 anos e totalmente esquecido pelo público, Ted ainda vive com John (Mark Wahlberg), que agora é um homem e trabalha em uma locadora de veículos. Os dois passam os dias fumando maconha e assistindo Flash Gordon no sofá. Só que Lori (a bela Mila Kunis, de Cisne Negro, 2010, e uma das dubladoras de Uma Família da Pesada) quer que o namorado cresça. Para isso, Ted tem de cair fora da vida do casal. E a partir daí a piada e o deboche rolam soltos.
A estreia nas telonas como diretor não foge muito ao mundo que Seth MacFarlane havia criado na televisão. Afinal, além da ironia e do sarcasmo estampados sem o menor pudor nos textos e na própria fotografia, a presença de personagens antropomórficos é uma constante em seus trabalhos. Assim como Ted, temos o extraterrestre Roger, de American Dad, e Brian, o cachorro beberrão de Uma Família da Pesada. São personas fora do contexto predominantemente humano das histórias, no sentido físico, mas parece ser no sensorial que os mesmos acabam sendo os maiores objetos de identificação do espectador com o seu criador. Afinal, todos representam a personalidade de MacFarlane. Em Ted esta ideia é potencializada pelo fato de MacFarlane ter feito todos os movimentos de Ted através de uma roupa com sensores. O que inclui a excitação do urso...
Porém, não é só de sexo, drogas e pelúcia que Ted vive. E talvez este seja o único defeito, ao mesmo tempo que um grande avanço, de MacFarlane como diretor: se em 20 minutos de episódios semanais de suas séries não temos muito espaço para drama e romance, na sala escura isto é o que mais se tem. Os intérpretes de John e Lori são bons atores e o casal tem uma ótima química, mas (por mais estranho que pareça) nós realmente torcemos para o divertido – e ao mesmo tempo odioso – Ted.
A bem da verdade, o urso é apenas uma válvula de escape para que John realmente não cresça e tenha que encarar o complicado mundo real de relacionamentos sérios, ascensão na carreira e por aí vai. Neste sentido, é como se fosse a personagem de Charlize Theron em Jovens Adultos (2011) escrevendo sua literatura infanto-juvenil com seus próprios desejos inseridos na história. Afinal, quem quer crescer de verdade e ter que lidar com algo tão difícil como o dia a dia? Ted pode ter uma enxurrada de situações pitorescas, mas até que faz pensar bastante sobre outras questões acerca da maturidade. E no fim das contas, parece ser isso que seu criador queria.
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