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Sinopse

No final da Segunda Guerra Mundial, batalhas furiosas e prolongadas exaurem as tropas dos exércitos da Alemanha e da União Soviética. Quanto mais as tropas soviéticas avançam rumo à vitória, mais frequentemente o fantasmagórico e indestrutível tanque “Tigre Branco” surge nos campos de batalha. Após um encontro quase mortal com o tanque, o sargento Ivan Nayedonov se torna obcecado por sua destruição.

Crítica

Estamos nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, e tudo indica que o conflito está com seus rumos traçados. A Rússia surge poderosa, vinda do Oriente, invadindo a Europa Ocidental, e acabando com os últimos ímpetos beligerantes de Hitler e sua armada alemã. No entanto, algo ainda surge no caminho, como uma força inexplicável, vinda não se sabe de onde, mas com um objetivo muito claro: servir de resistência a este avanço praticamente inevitável. Este é Tigre Branco, um dos filmes russos mais aplaudidos de 2012 e representante do seu país na disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A ação começa em pleno campo de batalha, após um embate que deixou muitas vítimas, um sem número de feridos e um caso excepcional: Naydenov, piloto de um tanque atacado que, inexplicavelmente, permanece vivo, ainda que esteja com mais de 90% do seu corpo queimado. Ele é levado a um hospital e, apesar de declarado morto, segue respirando e, dia após dia, começa a se recuperar. Semanas depois está de pé, como se nada tivesse lhe acontecido, pronto para outra. Quer dizer, quase sem alterações. Afinal, desde o incidente algo ainda mais incrível lhe aconteceu: ele possui, a partir de agora, o dom especial de ‘ouvir’ os tanques de batalha.

Será por isso que Naydenov conseguirá entender o que está acontecendo e qual é seu destino: enfrentar o perigoso inimigo que se mantém nas sombras, prestes a atacar a qualquer momento. Tigre Branco é um tanque fantasma, que surge e desaparece com a mesma velocidade. Suspeita-se até da existência – ou não – de tripulação no seu interior. O embate pode estar acabando, mas a máquina permanece firme em seu propósito: conter o avanço soviético. E nem Naydenov, nem todo o exército russo, poderão fazer frente a este poderoso inimigo se não abrirem suas mentes para o inacreditável.

Karen Shakhnazarov, diretor de Tigre Branco, é um dos cineastas russos mais ativos da atualidade. Já apresentou suas obras em festivais como Cannes, Chicago, Karlovy Vary, Montreal, Moscou e Shanghai, tendo sido premiado na maioria deles. Por este trabalho foi reconhecido com o troféu de Melhor Direção no IX Fantaspoa – Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre. Mérito justo e apropriado ao interessante e curioso longa apresentado, que consegue combinar elementos tão distantes, como guerra e sobrenatural, de forma harmônica e em impressionante sintonia.

Tigre Branco capta a atenção do espectador principalmente pela originalidade da abordagem de um tema tão estranho, ainda que inserido em um cenário já muito explorado. É um filme de gênero, mas também está além de meras limitações, fazendo uso de parábolas e analogias para imprimir sua leitura de mundo também dentro de outros contextos. Quem permanece na ativa? O tanque, o comunismo, a guerra ou a idiotia humana, mesmo diante todos os indícios contrários? As tentativas de justificativas podem ser muitas, mas quantas serão realmente válidas? Às vezes, a não-resposta é muito mais válida do que qualquer explicação apressada e banal. E talvez seja preciso justamente o absurdo para que isso se torne perceptível.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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