Crítica
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Sinopse
Tentando quebrar uma espécie de maldição familiar sobre divórcios, uma mulher bem-sucedida cria um plano aparentemente infalível: casar-se com qualquer um, divorciar-se e depois se unir com seu amado namorado.
Crítica
A atriz Diane Kruger chamou pela primeira vez a atenção do público internacional ao interpretar o icônico papel de Helena, no épico Troia (2004), ao lado de Brad Pitt. Apesar do estrelato hollywoodiano, ela cada vez mais tem seguido o mesmo caminho trilhado pela inglesa Kristin Scott Thomas e se refugiado no cinema francês. No entanto, se a intérprete indicada ao Oscar por O Paciente Inglês (1996) encontrou na produção francesa oportunidades mais relevantes para explorar seu talento, a bela loira alemã tem se dividido entre personagens com mais estampa do que conteúdo, como a Maria Antonieta de Adeus, Minha Rainha (2012) e produções nitidamente comerciais, como esse Um Plano Perfeito, um produto simplório cujo único interesse seria uma eventual admiração pelos protagonistas. Algo que até pode acontecer na Europa, mas dificilmente se repetirá com algum impacto no exterior.
Assim como no malfadado Maldita Sorte (2007), comédia sobre um rapaz (Dane Cook) que tem o poder de fazer com que cada mulher que durma com ele encontre o amor de sua vida logo após deixá-lo, Um Plano Perfeito também parte de uma premissa um tanto absurda. No caso, a protagonista Isabelle (Kruger) faz parte de uma linhagem de mulheres amaldiçoadas que só conseguem ser felizes no segundo casamento – o primeiro sempre acaba em briga, separação ou, no pior dos cenários, em viuvez. Apaixonada por Pierre (Robert Plagnol), a quem considera sua alma gêmeas – ambos são iguais em tudo – traça um plano que acredita ser o mais adequado para fugir da sina maldita: casar com o primeiro bobo que conhecer, somente para se separar horas depois e, assim, ficar livre para viver seu grande amor com o homem de sua vida. O que ela não esperava era que o candidato escolhido seria alguém tão persistente e inesperado quanto Jean-Yves (Dany Boon).
É exatamente neste ponto em que Um Plano Perfeito muda de figura e ganha uma justificativa. Afinal, Dany Boon é um dos maiores astros do cinema e da televisão francesa, um comediante de mão cheia e muito popular. É, em termos comparativos, um Renato Aragão (mais moço, evidentemente) francês. Ele é o protagonista, por exemplo, de A Riviera Não é Aqui (2008), filme que levou mais de 20 milhões de franceses aos cinemas (nunca uma produção brasileira conseguiu alcançar esta marca) e detém o recorde até hoje como longa feito na França de maior quantidade de público – no exterior, no entanto, passou em brancas nuvens (no Brasil foi lançado diretamente em DVD, sem exibição na tela grande). É um fenômeno, porém muito local e específico, com um tipo de humor que não viaja muito bem. E ainda que esteja ao lado de uma mulher estonteante como Diane Kruger, a falta de química entre os dois é tão evidente que a tarefa de convencer a audiência de um possível romance se resume a uma missão sem maiores possibilidades de acerto.
Dirigido por Pascal Chaumeil, o mesmo do simpático Como Arrasar um Coração (2010), Um Plano Perfeito é previsível do início ao fim. A vida de Isabelle e Pierre, dois dentistas – profissão que, no clichê cinematográfico, é o ápice da chatice e monotonia – afeitos a repetirem sempre os mesmos programas, não poderia ser mais monótona e sem graça. Jean-Yves, por outro lado, é um escritor de livros de turismo, acostumado a viajar pelo mundo e estar sempre em diferentes e constantes aventuras. As diferenças entre os dois pretendentes não poderiam ser maiores, e se a trama provoca alguns risos tímidos durante as tentativas dela de conseguir o divórcio do marido desprevenido, ninguém duvida que essa determinação irá logo esmorecer. Assim, termina-se sem surpresas nem imprevistos, entregando uma obra leve e descartável, que até pode agradar alguns, mas certamente não permanecerá na memória de ninguém.
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