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Crítica


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Sinopse

Um jovem soldado bretão que vive sob o jugo de Roma não mede esforços para honrar a memória do pai. Sua missão é encontrar um emblema de ouro em forma de águia que pertenceu à legião desaparecida há mais de 20 anos.

Crítica

Lançado nos Estados Unidos no início do ano passado, A Legião Perdida tinha um papel importante na função de consagrar o nome de Channing Tatum no estrelado hollywoodiano. Afinal, dos cinco filmes que o rapaz fez em 2011, esse era o projeto mais ambicioso e o único que contava com ele como protagonista absoluto. Mas com o fraco desempenho nas bilheterias americanas – onde arrecadou menos do que o seu orçamento de US$ 25 milhões – o projeto do astro de G. I. Joe (2009) seguiu inédito na maioria dos mercados internacionais, inclusive no Brasil, onde foi lançado somente em DVD e Blu-ray. Um destino injusto, pois a obra possui méritos suficientes que justificariam uma exposição mais ampla.

Tatum aparece como Marcus Flavius Aquila, um general do Império Romano, em 140 A.C., que precisa defender uma posição fortificada no norte da Inglaterra. A história começa 20 anos após o desaparecimento da Nona Legião, nas montanhas da Escócia, levando consigo uma marcante estátua de águia, símbolo de sorte e do poder de Roma. O pai de Marcus era o comandante desta expedição, e será missão do rapaz descobrir o que aconteceu com ele e resgatar a preciosidade perdida, limpando, assim, o nome e a honra paterna. Mas seu caminho não será fácil, pois além da recusa de qualquer outro soldado de seguir ao seu lado pelas highlands, território desprotegido e cheio de perigos, ele terá como companhia apenas um escravo (Jamie Bell, visto no recente À Beira do Abismo), que apesar de ter jurado sua vida para protegê-lo, estará livre e em sua própria terra, o que pode significar uma mudança de planos a qualquer momento.

Channing Tatum tem porte e condição de líder, e sua presença aqui é forte e determinada. A parceria que estabelece com Bell funciona, e os dois conseguem dominar a atenção do público mesmo nos momentos mais cansativos, que são as duras caminhadas pelo interior escocês. Quando encontram um guerreiro oponente (Tahar Rahim, de O Príncipe do Deserto) e a parceria com o escravo/companheiro ganha uma nova dinâmica, o filme aumenta seu interesse, e será neste ponto em que os laços que os unem serão testados. Outras participações, como Donald Sutherland (Jogos Vorazes, 2012) e Mark Strong (Sherlock Holmes, 2009) aumentam ainda mais o interesse por A Legião Perdida, um thriller que funciona bem como aventura e também como drama histórico.

Testemunho do talento inegável do cineasta escocês Kevin McDonald (O Último Rei da Escócia, 2006), A Legião Perdida sofre do mesmo mal que um outro filme recente sobre um tema similar, Centurião (2010), estrelado por Michael Fassbender. Em ambos os casos temos como ponto de vista o do exército romano, e como bem se sabe estes foram os conquistadores impiedosos que subjugavam povos até então livres, escravizando-os e julgando-os à sua revelia. Ou seja, apesar de estarmos do lado deles – ao menos dramaticamente – eles eram os vilões, e os demais – retratados nos longas como “selvagens” e “indomados” – estavam apenas tentando se defender. Em tempos tão politicamente corretos como os atuais, é forçar por demais a barra tentar se colocar contra os oprimidos e a favor dos mais fortes e desbravadores. Este é o maior pecado de uma obra que funciona muito bem enquanto entretenimento, mas que peca pelo contexto político que, felizmente, hoje nos cerca.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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