Vinte dias de férias é o mínimo que qualquer ser humano deveria merecer todos os anos. Descansar da rotina, de casa, da família e da correria do dia a dia. Procuro todos os anos dar uma escapadela por aí. Às vezes destinos mais longos e, quando nem o tempo e nem a carteira permitem, pode ser por aqui mesmo, fugir de tudo e de todos, nem que seja para passar um dia na cidade vizinha. Curtir um pouco de paz e sossego faz bem para a alma.
Pois comecei 2014 assim: dei férias para mim, para o computador e para todos os assuntos problemáticos que pudessem me tirar o sossego. Deixei em casa todas as rusgas com a vida e dei espaço ao inesperado e ao imprevisto.
Minha única companhia, além da minha filha, foram 4 livros. Dei conta de três deles, assim mesmo, sem pressa e sem compromisso de lê-los até o final da folga. Deixei a leitura ao ritmo das ondas.
Mas, confesso que nesse tempo todo de férias – afinal vinte dias é tempo de sobra para cansar de descansar – fiquei com saudades de ir ao cinema. Em uma pequena praia do Nordeste, onde me encontrava, nem me atrevi a perguntar se havia cinema por ali. E em outra cidade, um pouco maior, arrisquei a saber se havia uma sala de exibição. O recepcionista do hotel respondeu:
– Cinema? Tem não!
Ok, voltei aos livros e me conformei com a ideia de não conseguir terminar de assistir a todos os filmes concorrendo ao Oscar deste ano. Paciência.
Foi quando despertou minha atenção a chamada na capa do jornal local. “Na véspera do Oscar convidamos 4 jornalistas para conhecer as salas de cinema de um novo shopping na capital, veja o que eles acharam”, dizia a chamada do Caderno de Cultura. Corri para as páginas do jornal a fim de ler as críticas dos jornalistas e verificar se os filmes que eu havia gostado estavam na lista de filmes indicados por eles.
Para minha surpresa, eles comentaram sobre as confortáveis poltronas, ar condicionado e também sobre a variedade de balas que eram vendidas no bar. Falaram também sobre os horários dos filmes, pontualidade, valor do ingresso e diversidade de filmes a disposição. Nenhum deles, no entanto, falou dos filmes indicados, quais as suas preferências ou se atreveram a palpitar quem seria o Melhor Ator ou Melhor Atriz. Nem ao menos mencionaram o nome do filme que cada um dos jornalista assistiu. E eu sem cinema e sem nenhuma notícia sobre os indicados fiquei à ver navios.
Isso não se faz. Nebraska, Philomena e Trapaça me esperam na volta.
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