Poderia ser solidariedade, poderia ser amizade e também poderia pena ou comodidade. O nome desse filme poderia ser escolhido a partir da situação de um casamento de muitos anos que acaba se tornando mais amizade do que qualquer outro sentimento. Poderia ser humanidade, igualdade ou talvez esse longa poderia se chamar “não quero que aconteça comigo”, mas o filme do diretor alemão Michael Haneke chama-se Amor (2012).
Amor porque no fim da vida podemos contar apenas, de verdade, com quem nos ama e com quem a gente ama. Amor porque é a única forma de explicar o que uma pessoa pode fazer pela outra depois de uma convivência de muito tempo.
Tempo para descobrir o que cada um gosta no café da manhã, em que lado da cama é melhor para dormir, quando está com vontade de namorar ou quando apenas faz para desconversar. Amor, sim, o nome do filme não poderia ser outro. Amor pelos detalhes, amor nos bons momentos da vida, amor pelos filhos e pela falta de dinheiro no banco. Amor pelas dificuldades e por uma boa garrafa de vinho tinto. Amor em sua plenitude.
Só o amor pode explicar a convivência com os defeitos, com as falhas e com a rotina. Só o amor constrói uma relação onde a dificuldade ou a doença podem ser encaradas de frente. Só o amor te dá forças para aceitar a realidade, driblar os problemas e dizer com todas as letras ao destino: eu quero que seja assim, eu vou cuidar dela, vou ajudar, entender, explicar, alimentar e quando não puder mais, vou também acabar com o sofrimento e esperar pacientemente deitado no sofá da sala até chegar a hora em que ela venha me buscar, para juntos, novamente, continuarmos nossa história.
O nome do filme não poderia ser outro: A.M.O.R. Em todo o tempo em que fiquei plenamente envolvida e absorvida por essa trama, não consegui tirar da cabeça um único pensamento: um dia quero, preciso, desejo e mereço ter um amor tão grande, tão honesto e tão intenso quanto o amor contato nesse lindo filme.
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