Cidade lotada, ruas e avenidas sem espaço para respirar. Cidade turística é assim mesmo em feriados prolongados, então, não adianta reclamar ou se estressar. O jeito é achar meios de aproveitar. Tempo para descansar e relaxar. Deitar no sofá e deixar o dia passar sem planos. Filmes, livros e algumas garrafas de vinho tinto. A lista de filmes que concorreram ao Oscar já foi e mesmo assim ainda tenho sede de sair em busca de boas histórias.
Quando recebo a notícia de que Gabriel García Marquez morreu, estou assistindo a O Grande Gatsby (2013). Escrevo outro texto falando do amor muitas vezes abordado pelo autor, a falta de amor que acabou com a vida de uma criança no interior do nosso estado e, quando termino de assistir a esse maravilhoso filme, me dou conta de que tudo gira em torno dos mesmos sentimentos: amor, perda, paixão, futuro e passado.
Gatsby não se deu por satisfeito com a vida pobre que tinha e ao conhecer Daisy vê nela a chance de se firmar na sociedade e conquistar a vida que tanto sonhava. Mas o amor, esse sentimento que nos faz tanta falta e que preenche cada espaço vazio, o pegou de surpresa. A partir daí, o sonho de Gatsby não se restringia apenas a conquistar tudo o que sempre sonhara, mas ter isso ao lado da mulher amada. Ele foi para a guerra e ela foi proibida de casar com um soldado pobre, sendo destinada a um homem mais rico. Mas o amor dele por ela o prendeu no passado. Cada conquista, cada passo, cada grandiosa festa que dava em sua casa era única e exclusivamente para Daisy. Nada mais importava. Queria a todo o custo voltar ao dia em que a conheceu e traçar um novo caminho.
Essa vontade de começar de novo também se mostra no filme As Vantagens de ser Invisível (2012). Charlie luta todos os dias com a sua história e seu passado, tentando que isso não influencie o seu presente e não comprometa o seu futuro. Mas, em meio a aceitação da juventude e da nova turma de amigos na escola, ele esconde suas vontades e seus segredos mais doloridos dentro de si, deixando apenas transparecer aquilo que os amigos querem ver.
Ele se passa por invisível, mesmo estando presente. O garoto que sofreu calado na infância, se esconde dentro de sua própria vida e acaba confundindo passado e presente. Charlie é quieto, mas tem dentro de si a erupção de um vulcão. Ama sem se entregar, vive o que não tem coragem de encerrar e acredita que o amor que recebe é o do tamanho exato que merece. Com um jeito fechado e honesto, deixa-se envolver por uma nova turma e, pela primeira vez desde que perdeu seu amigo de infância, consegue sentir-se novamente inserido em algo importante. Mas, não consegue deixar de abdicar de si próprio para ver os outros felizes. “Não podemos escolher o passado, mas podemos construir o futuro”. Essa frase é citada quase no final do filme teen, mas que pode tocar o coração de qualquer marmanjo.
Esses dois filmes me fizeram pensar que perdemos Gabriel García Marquez e Bernardo Uglione Boldrini ao mesmo tempo em que estamos perdendo a linha condutora que deveria nos deixar mais conectados ao passado e às coisas simples da vida. Mais perto dos amigos, do amor, aproveitando o presente e preparando um futuro digno como assistir um bom filme na tela do cinema.
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