Carioca do Rio de Janeiro, capital, Júlia Rabello nasceu no dia 16 de agosto de 1981. Atriz e radialista, se tornou conhecida de todo o Brasil não no cinema, nem na televisão e muito menos no teatro – foi através da internet que sua fama surgiu e cresceu. Uma das integrantes originais do Porta dos Fundos, canal online com milhares de fãs no YouTube, já demonstrou seu talento nos mais diversos – e ousados – personagens. Mas ela vai além, e desde participações na novela Malhação (2008) ou no humorístico Vai que Cola (2013), passando por produções teatrais – sua estreia nos palcos foi em 1999 e desde então nunca mais parou – e outros projetos, está cada vez mais se destacando também na tela grande: só em 2014 foram cinco filmes diferentes, desde os campeões de bilheteria O Candidato Honesto e Copa de Elite até o recente A Noite da Virada. E foi justamente durante o lançamento deste último trabalho, que estreou nas últimas semanas do ano, que a atriz conversou com exclusividade com o Papo de Cinema. Confira!
Julia, conta pra nós como surgiu o convite para participar de A Noite da Virada?
Esse convite surgiu no início de 2014, quando me chamaram especificamente para este papel da Ana. Na época estava filmando o Vestido Pra Casar (2014), uma correria louca, mas não poderia recusar um chamado do pessoal da O2. Daí fui bater um papo com o Fábio Mendonça, o diretor, e fechamos em seguida. Foi tudo muito rápido. Me apaixonei pela Ana. É uma figura muito moderna, lutadora, uma mulher que cuida da casa, do marido, e ao mesmo tempo é muito divertida, querida com os amigos, mesmo quando fica braba, quando sofre. E ela não de deixa abater, quer apenas curtir o réveillon e estar próxima das pessoas que ama. A proposta do filme também me atraiu, achei muito interessante isso de juntar todo mundo dentro de um banheiro, buscando uma nova perspectiva. Além de que era um time de craques nos bastidores, a O2 e o Fabinho são fantásticos, a parceria foi excelente.
Ao assistir ao filme, minha impressão é de que é você a verdadeira protagonista, e não o Marcos Palmeira ou a Luana Piovani…
(risos) São pontos de vista, né? A Ana é uma personagem que acaba centralizando as outras figuras, todo mundo fica ao redor dela, mas a turma toda é muito divertida. Não posso dizer que a protagonista sou eu ou outro ator, pois todo mundo estava muito entrosado. E todo trabalho é um desafio, o que muda são os níveis de responsabilidade. A gente precisa estar apta a dar conta do que nos pedem. Esse filme, em particular, foi como uma colônia de férias: foi muito legal esse encontro entre atores, equipe, todo mundo junto. Acredito que quando você faz alguma coisa, principalmente Humor, tem que ter muita seriedade e comprometimento. Eu, particularmente, sou uma pessoa muito séria, mas quando estamos nos divertindo isso transborda pra além da imagem, é contagiante. Assim foi fazer A Noite da Virada, uma emoção muito boa, além do comum. Nós todos estávamos muito envolvidos com a história, entramos no projeto por causa do roteiro. E como tava tão bem acompanhada, nem cheguei a pensar quem era ou não a protagonista em cena. Foi algo natural.
E por que falam tanto de Leandro Hassum e Fabio Porchat se é você a grande estrela do cinema nacional do momento? Afinal, foram cinco filmes só neste ano!
Deus te ouça! (risos) Rumo a isso, com sorte chego lá! Mas calma, ainda não tenho esse privilégio… Foi um ano muito legal, trabalhei bastante, me organizei e preparei tudo ao meu redor para que as coisas acontecessem desse jeito. Foi um ano muito feliz, em que trabalhei bastante, em projetos que curti demais, com pessoas que adorei ter conhecido, em amizades formadas no trabalho e que vão durar para sempre. Um bom exemplo é o Leandro Hassum, que virou um grande amigo íntimo, uma pessoa maravilhosa. Gosto muito de estar sempre em ação, sem parar. Cinema é uma paixão, algo sensacional que me dá muito prazer. Desde o primeiro filme que fiz não parei mais e, pra mim, é daqui pra mais!
O que um projeto como o Porta dos Fundos lhe ensinou?
O Porta foi responsável por me projetar para o grande público. Foi ele a minha, literalmente, “porta” de entrada no cenário artístico nacional. Foi através dele que tive acesso a uma quantidade maior de pessoas que conseguiram visualizar meu trabalho, algo que já vinha fazendo há anos e que só agora conseguiu ser notado. E sem falar que é no Porta que está a minha família criativa, é uma parte muito grande e importante da minha história. Foi um baita presente poder fazer parte desde o princípio, quando ainda nem tinha nome, era só uma conversa em mesa de bar. Foi como um filho que cresceu, me sinto meio mãe também, que posso olhar agora e dizer “viu como tá robusto, como cresceu?”. O sentimento de gratidão por participar desse projeto irá durar por toda a minha vida.
O que você pode nos adiantar sobre o filme do Porta dos Fundos que está sendo feito?
Pois então, estamos ainda no aquecimento. O roteiro está sendo finalizado, algumas coisas estão sendo testadas, não está tudo definido. A pré-produção é muito importante, pois é quando percebemos o que irá funcionar ou não nesse novo formato. O bacana é que a equipe está tendo muito cuidado nessa etapa, e isso nos dá uma segurança enorme. Não to participando nesse momento, mas estou na espera pra começar a filmar. Tudo que envolve o Porta gera muita expectativa. O que posso garantir é que será algo muito ousado e, acima de tudo, divertido.
Acredito que os bastidores de A Noite da Virada tenham sido engraçados. Como foi filmar com uma equipe tão diversa?
Eu sou péssima em lembrar de histórias. Esqueço sempre. Acho que me divirto tanto com elas que acabo esquecendo de registrá-las. Mas a sensação foi muito boa, todo mundo se divertiu horrores. Nós chegávamos ao set às 5h30 da manhã e já começava a festa! O almoço era uma zoeira, ninguém parava um só instante. Foram dez dias de ensaios antes, e as filmagens duraram cinco semanas. Quando nos juntamos pela primeira vez, após os ensaios – que foram separados – olhamos um para a cara do outro e foi um espanto geral. Éramos crianças na quinta série, todo mundo à beira de um ataque de nervos de sintonia. Eu ria o tempo todo. O Fabinho teve que ter muita paciência com a gente, até hoje não sei como ele conseguiu terminar esse filme (risos).
O que o público pode esperar de A Noite da Virada?
Ah, pode esperar uma comédia de muito bom gosto, moderna, alegre e divertida. É um filme sobre pessoas que vivem no mundo de hoje, com problemas comuns a todos, mas vivendo um momento muito especial, que é essa noite de Ano Novo, quando as esperanças se renovam e todo mundo se prepara para começar de novo. É um filme que prende a atenção, a gente se envolve com aqueles personagens e quer saber o que irá acontecer com cada um deles. São muitos acontecimentos, e é muito legal fazer parte dessa festa. É um filme de virada, literalmente.
(Entrevista feita por telefone direto do Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 2014)