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A obra de Jorge Amado em O Duelo

Publicado por
Edu Fernandes
Equipe reunida na pré-estreia do filme O Duelo

Um dos autores brasileiros mais adaptados para a telona é Jorge amado. Sua obra chega novamente aos cinemas em 19 de março com a estreia de O Duelo, adaptação do romance Os Velhos Marinheiros (1961). O filme se inicia com a chegada do Capitão Aragão (Joaquim de Almeida, de A Gaiola Dourada, 2013), no pequeno vilarejo de Piripiri. Ele conquista a todos com as histórias de suas façanhas nos quatro cantos do mundo.

Este projeto chegou ao diretor Marcos Jorge (Estômago, 2007) em 2009, quando foi convidado pela produtora para comandar o set. “Naquele momento, não me lembrava mais de Os Velhos Marinheiros, mas quando reli o livro tive uma iluminação”, comentou o cineasta em conversa com a imprensa em São Paulo. “Vi que tinha ali um potencial enorme de contar uma história de fantasia. (…) Havia uma roteiros dos anos 1970 que me foi enviado, mas pedi para reescrever.”

Marcos Jorge

Uma das mudanças no processo de adaptação foi cronológica: o romance se passa no início do século XX, mas o filme se adianta em algumas décadas. “É uma história que Jorge Amado determinou claramente no tempo, mas é universal”, explicou Marcos. “A história sobreviveria até o advento da internet. Eu queria fazer um Jorge Amado universal, porque é um livro muito conhecido no exterior.”

A universalidade do enredo é reconhecida pelas atrizes Claudia Raia e Tainá Müller, que vivem em cena mulheres que estrelam as histórias do Capitão Aragão. “É a visão de um curitibano sobre Jorge Amado, uma mistura do quente com o frio que é muito interessante”, explica Müller. “Gosto porque ele é atemporal e muito lúdico.”

Tainá Müller

Participar de uma adaptação tem uma responsabilidade”, afirma Raia. “O que acho legal é que o Jorge é muito baiano, mas O Duelo não é um filme baiano. (…) Fala de um Jorge Amado que a gente ainda não viu.”

Apesar das mudanças, a concepção do roteiro foi um desafio. “O livro é totalmente intricado, no qual ele cria uma estrutura complicada”, disse o diretor e roteirista. “Tive que ler várias vezes para destrinchar o romance.”

Claudia Raia

Nessa toada, Marcos Jorge tomou liberdade para ousar. “Uma das coisas que sentia durante o roteiro foi Jorge Amado me indicando o que fazer e levei às últimas consequências algumas decisões dele”, disse. “Uma delas foi de misturar os cenários para colocar o espectador dentro da história contada pelo Capitão.” Para o futuro, o diretor prepara o lançamento de Mundo Cão no segundo semestre. Este filme ainda inédito flerta com o suspense e traz Lázaro Ramos e Babu Santana no elenco.

(Entrevista feita em São Paulo em março de 2015)

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é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Escreve para os sites BRCine e SaraivaConteúdo, além de colaborar para a revista Preview. Participa do programa Quadro a Quadro na TV Geração Z e de videoposts do canal Tateia. Tem experiência em sites (UOL Cinema, Cineclick e GQ), revistas (SET, Movie e Rolling Stone) e televisão (programas Revista da Cidade e Manhã Gazeta).

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