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A rede de Marc Webb

Publicado por
Robledo Milani

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O diretor Marc Webb fala, nesse bate papo exclusivo no Brasil, sobre como foi colocar sua própria marca na história de Peter Parker com o inédito O Espetacular Homem-Aranha. Após dirigir videoclipes para bandas como No Doubt e Green Day e episódios de seriados televisivos como The Office e Lone Star, ele estreou no cinema com o romântico e incrivelmente realista (500) Dias com Ela (2009), sucesso do circuito de cinema independente. Daí deu um pulo direto para os bastidores de um dos projetos mais aguardados de 2012, o reboot da série cinematográfica de um dos mais populares heróis das histórias em quadrinhos. Após três longas (2002 – 2004 – 2007) que, juntos, arrecadaram mais de dois bilhões de dólares nas bilheterias de todo o mundo, Webb assumiu a missão de recomeçar do zero, ignorando essa trilogia recente e oferecendo um novo olhar sobre o amigão da vizinhança. Mais um arriscado passo da Marvel nos cinemas, e que tem tudo para ser, mais uma vez, um sucesso.

 

O que foi necessário para assumir a responsabilidade de conduzir essa nova adaptação para o cinema do mítico Homem-Aranha?

Foram precisos nervos de aço, literalmente. Afinal, estamos falando de um lendário personagem de histórias em quadrinhos, amado por milhares ao redor do mundo. Somente isso já seria assustador o suficiente, mas nossa intenção era fazer um filme fincado no mundo real. Era mais ou menos “como colocar o herói de volta no super-herói?”, entende? Buscamos algo que os espectadores pudessem se identificar. Foi preciso bastante coragem.

No set de filmagem, com Andrew Garfield

O que pretende apresentar de inédito neste novo filme?

Nosso objetivo com O Espetacular Homem-Aranha é entregar um entretenimento em larga escala, com tudo que você poderia imaginar em uma história deste personagem. O filme completa a viagem através do universo Marvel que os cinéfilos do mundo inteiro começaram há alguns meses com Os Vingadores, levando-nos a um lugar novo e atraente. Há ainda o novo rosto por trás da máscara (Andrew Garfield) e uma história de origens que mostra Peter lutando para investigar por que seus pais desapareceram, além de se confrontar com seus recém-descobertos poderes e habilidades aracnídeas.

 

Neste filme teremos mais Peter Parker ou Homem-Aranha?

O recurso não era simplesmente jogar o que já foi visto numa escala muito maior, eu queria encontrar o coração batendo no meio do espetáculo. Peter Parker é o ponto de acesso. Sempre curti o Homem-Aranha, mas era fã mesmo de Peter Parker. Há uma qualidade incrivelmente inocente e sensível em Peter Parker. Ele não é um bilionário, não é um estrangeiro, é apenas um garoto. Ele tem problemas com as pessoas que o criaram e não sabe direito como falar com as garotas. Tudo se resume na questão dos relacionamentos, isso é que está durante todo o filme. Essa leitura para mim foi muito intuitiva. É algo que amo em filmes, especialmente em relação à dimensão romântica. As relações interpessoais que Peter tem são tão simples e tão domésticas que é muito divertido jogar com estes dois aspectos, de um lado o espetáculo massivo ao lado dos momentos muito pequenos. De uma forma muito real, há um filme independente no íntimo do coração do Homem-Aranha.

Durante o preview do filme na Comic Con, com a atriz Emma Stone

Como foi buscar uma visão de Peter Parker que não havia sido exibida antes?

O primeiro dominó neste filme é o fato de Peter estar em busca dos seus pais. Pensei comigo mesmo: “como essa procura muda a visão dele sobre o mundo?” E pra mim isso gera nele uma certa desconfiança. Há um sarcasmo nele, ele é um pouco irônico e perverso também. Esta era uma atitude que todos nós podemos compreender e se relacionar, e creio que venha de um lugar genuíno. Foi divertido para explorar o humor, porque vem de um lugar real, não é apenas um tapa na cara inesperado.

 

O trabalho de direção em O Espetacular Homem-Aranha exigiu um cuidado especial?

Eu queria fazer as coisas de forma diferente. Sinto que nós vimos antes a origem do Homem-Aranha, mas talvez não tenhamos visto a origem de Peter Parker. Existem certos elementos icônicos do Homem-Aranha que me senti obrigado a honrar. Mas há outros que gastamos muito tempo para conceber, como as sequências em que assumimos o olhar da câmera, filmadas praticamente como se ele estivesse balançando no ar para ajudar a criar essa sensação, esse sentimento de alegria e diversão, que é sempre uma parte importante. Estou muito feliz com o resultado.

Com Emma Stone, Andrew Garfield e Rhys Ifans

Como aconteceu a seleção do elenco?

Estamos em um mundo onde o Homem-Aranha pode disparar um teia e praticamente voar com ela, ou encontrar-se em uma situação de muito perigo e emoção. O elenco sólido nos ajuda a manter as coisas reais. Por isso buscamos nomes de grande talento, incluindo Martin Sheen (como um dos ícones de Peter Parker, o trágico Tio Ben), Sally Field (Tia May), Denis Leary (como o chefe de polícia George Stacy, que além de perseguir o Homem-Aranha e não gosta nem um pouco do fato de Peter namorar sua filha), Emma Stone (como Gwen Stacy, primeiro amor de Peter), e Rhys Ifans, como o Dr. Curt Connors, que, graças a um experimento científico que acaba dando horrivelmente errado, se transforma no monstruoso Lagarto. A ameaça escamosa oferece um monte de ação, com batalhas arrebatadoras através dos cenários mais famosos de Nova York. Trazer isso para a vida real era o maior desafio que tornamos possível através de vários métodos. Há muita coisa a ser explorada neste sentido.

 

O visual é algo que desde os primeiros trailers tem chamado bastante atenção. Como foi a utilização dos efeitos especiais?

Quando filmamos as sequências, buscamos o ser humano, e o melhor exemplo era um cara grande chamado Big John. Ele era literalmente um cara grande chamado John, que fez um monte de coisas interativas. Porque quando você está tentando interagir com Andrew enquanto Peter, você precisa de alguém obrigando-o a fazer essas coisas. Depois, nós o substituímos pelo Lagarto gerado por computador. Por fim tínhamos a captura da performance feita pelo Rhys, que nós filmamos com o ator no mesmo cenário para obter seus movimentos faciais e gestos necessários para incorporar o seu desempenho no Lagarto em si. Eu estava interessado em encontrar algo que pudesse transmitir emoções humanas, porque queria manter o trabalho dos Rhys na criatura. Depois, há os componentes físicos do personagem – eu queria fazê-lo muito poderoso e mais forte do que o Homem-Aranha.

"O Espetacular Homem-Aranha"

E a experiência de filmar em 3D foi muito diferente?

Enquanto um monte da ação do novo filme foi criada fisicamente, não poupamos o orçamento de CG, efeito explorado em abundância nas sequências filmadas em 3D. Para isso fui atrás de conselhos do mestre James Cameron. Ele foi extremamente generoso comigo desde o início. Ele gosta de perceber as ações e os cenários com profundidade, e quer que você perceba isso. Como se a tela fosse uma janela e tudo o que você vê está lá adiante. Isso é o que é mais divertido sobre o 3D. As selvas de Avatar são realmente um grande exemplo disso. Eu gostava de empurrar um pouco mais o 3D para criar a sensação de atingir o espectador. Lembro de, quando criança, assistir a filmes como O Monstro da Lagoa Negra (1954), com todas aquelas coisas que saem em você, ou A Casa de Cera (1953). Havia algo divertido nisso, como ver uma plateia cheia de crianças que se esforçam para alcançar algo. Houve momentos em que queria explorar algo assim, então por isso projetei o filme em 3D. Foi uma questão de convergência de interesses. Nós focamos a nível da tela atrás do Homem-Aranha, para que assim as pernas dele pudessem se destacar. Daí em seguida colocávamos um pouco mais de foco nele, para que você possa sentir uma sensação tangível sobre o personagem e reduzir o borrão do movimento. É uma sensação mais tátil. Isso ajuda na noção de que ele pode vir para fora até você. Essa é a outra parte de sentir que está entrando em seu espaço. Um super-herói tratado com coração, muita ação e efeitos de cair o queixo? Desafio aceito!

 

(Entrevista encaminhada com exclusividade para o Papo de Cinema pela assessoria de imprensa da Sony Pictures do Brasil, com tradução e adaptação de Robledo Milani)

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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