Homenageado do 4º Acting & Film, que vai até 2 de agosto em São Paulo, o produtor Andrew Meyer participou de um momento especial na última quinta (30): a exibição, pela primeira vez no Brasil, de Clube dos Cinco (1985 ) em versão remasterizada. O longa, um dos clássicos do cinema dos anos 1980, marcou a parceria entre Meyer e o diretor John Hughes (nome influente daquela década graças aos filmes para e sobre adolescentes).
“John era fantástico. Ele era um escritor brilhante e funcionava bem com os atores, e também tinha um grande senso de música e muitas das opções de músicas (para a trilha sonora) dos filmes eram dele”, revela Meyer em entrevista para o Papo de Cinema.
O produtor acredita que a década de 1980 foi um momento em que muitos bons personagens impulsionavam os filmes. “Também tínhamos nomes como o próprio John Hughes em filmes maravilhosos como Curtindo a Vida Adoidado (1986) e A Garota de Rosa Schocking (1986). Ainda posso citar outros filmes que fiz nessa época, como Asas da Liberdade (1984), que ganhou o Grande Prêmio no Festival de Cannes”.
Para Meyer, Clube dos Cinco tem alguns temas atemporais que atravessam todas as gerações, e por isso faz sucesso até hoje. “São os estereótipos: o nerd, o atleta, a patricinha, etc, que adotamos para proteger a nós mesmos quando somos jovens. Eventualmente, as cascas caem e estes estereótipos revelam as crianças para que elas saibam quem realmente são, e o público de todas as idades pode se identificar com isso”.
No entanto, ele acredita que se o filme fosse feito hoje mudanças no roteiro seriam inevitáveis. “Acredito que hoje em dia as pessoas esperariam um elenco mais diversificado”, especula. Meyer, porém, faz questão de frisar que não há nenhum tipo de conversa para um remake ou sequência do longa. “Acho que alguns filmes são criados para ser o que eles são. Eles não precisam de outra versão”.
Mesmo tendo feito outros filmes relevantes, Meyer lembra com carinho do trabalho em Clube dos Cinco. “É gratificante que esta história toque tantas pessoas durante todos esses anos. Hoje em dia tudo é dispensável, então ter criado algo que dura e tem um impacto sobre muitas gerações é realmente significativo”.
Porém, o produtor não esquece de outros trabalhos que foram relevantes para sua carreira, “O tema anti-guerra forte de Asas da Liberdade também é importante para mim. Isto devido a minha própria filosofia, é uma coisa forte e pessoal, e eu acho que este filme apresenta esse tema de uma maneira poderosa que se conectava com um monte de gente. Tomates Verdes Fritos (1991) trata das relações raciais nos EUA, e tem ainda como temas a igualdade para as mulheres e os direitos dos homossexuais. O fato de todos estes temas serem poderosamente apresentados de um modo divertido, mas de forma reflexiva, é o que considero ser uma tremenda realização”, conclui.