O jovem cineasta Diego Tafarel já havia chamado atenção com o documentário em curta-metragem Pobre Preto Puto (2016). Na obra, exibida no Festival de Gramado 2016, ele narra a trajetória de Vilnes Gonçalves Flores Junior, o Nei D’Ogum, uma das mais conhecidas lideranças religiosas e sociais da cidade de Santa Maria. Natural de Santa Cruz, interior do Rio Grande do Sul, o realizador esteve novamente no tradicional evento cinematográfico da Serra Gaúcha. Desta vez, ele reúne os atores Catharina Conte, Nicolas Vargas e Samuel Reginatto para dar vida ao empolgante Através de Ti (2017), que acompanha descobertas amorosas de jovens num fim de semana de aventuras. E foi sobre esse recente trabalho que Tafarel conversou, exclusivamente, com o Papo de Cinema. Confira!
Primeiro, parabéns pelo filme. De onde surgiu a inspiração para fazer o Através de Ti?
Esse curta surgiu a partir de uma experiência real. Aliás, costumo fazer filmes sobre coisas que vivo ou vivi, observo muito os meus amigos e as histórias que me cercam. Essa trama de ficção foi baseada diretamente numa viagem, a um acampamento, que fiz com meus amigos há cinco anos. Ali surgiu uma história parecida. Procurei reproduzir de forma mais bela esse fato. Presenciei uma história, rescrevi e acrescentei traços poéticos.
A ideia de chamar a Catharina Conte, o Nicolas e o Samuel chegou como? Já conhecia eles? Como foram os contatos?
Conhecemos o Samuel há uns quatro anos, aqui no Festival (de Gramado), em outro filme. Vimos, gostamos do trabalho dele e o convidamos. O Nicolas, nós conhecemos durante o Curta Cinema, no Rio de Janeiro, batemos um papo e deixamos a ideia no ar. Eu tinha vontade de trabalhar com a Catharina há uns dois ou três anos, pois gravávamos videoclipes juntos e sempre conversávamos sobre isso. Tivemos a alegria de chamar os três e eles aceitarem, com muita vontade de dar vida ao projeto.
Em relação ao outros curtas, este se destaca pelo figurino e o visual bem alternativo. Você queria mesmo passar isso para o espectador?
Sim! Com toda certeza! É um estilo meu, ser mais hipster, e eles tinham de ser assim. Faria mais sentido no projeto e na atitude deles. Além de complementar o visual bucólico e antigo daquela casa em São Francisco de Paula, que serviu de locação, propriedade de um professor meu da faculdade. Sempre quis fazer um filme lá. Essa história fechava e deu muito certo com o lance alternativo, algo que nós buscamos na nossa vida. Nós queremos uma liberdade sexual, musical e de posicionamento. É isso que o filme traz para o público, fala muito de liberdade.
Qual a importância de estar no Festival de Gramado 2017?
Principalmente mostrar o filme. Gramado ainda é, e espero que continue sendo, uma importante vitrine do cinema feito pelos gaúchos. Muita gente viu o nosso curta. Quando conto uma história, quero que ela seja vista. Ter uma janela para isso é de extrema importância. Mais ainda por ser um curta, produções que precisam de mais visibilidade. Estar no Festival de Gramado é muito importante e empolgante. Estar num festival em que as pessoas comuns, de fora do meio, tenham acesso ao filme é muito recompensador.
(Entrevista feita durante o Festival de Gramado em agosto de 2017)