Por Roberto Cunha*
O Papo de Cinema encontrou o cineasta Marcelo Galvão aqui no Festival de Cannes e, é claro, aproveitou para bater um papo com ele. Simpático e bom de conversa, Galvão falou sobre as três missões específicas aqui no festival: abrir mercado para o premiado Colegas (2012), trabalhar o já finalizado A Despedida (2014), filme com Nelson Xavier e Juliana Paes, e divulgar seu mais novo e ambicioso projeto: O Caçador (2015).
Você está buscando algum mercado específico para Colegas?
Não. O filme já foi exibido em vários festivais e vendido para a Turquia, Reino Unido, Chile… Agora, já estamos, acredito, fechando com o Japão.
Quais seus planos com A Despedida?
Estou de olho no festivais. Quero ver se levo para Locarno, Veneza… Estou querendo mostrar o filme para eles, para ver se entra num desses grandes festivais. E acho que tem chances. O filme ficou bem bacana. É diferente de tudo que já fiz.
A venda é uma possibilidade, né?
Também. É claro que se você entra num festival desses, o seu poder de barganha é muito maior.
Ele é mais um projeto totalmente seu?
Sim. Bem autoral mesmo.
Já que o “filho” tá prontinho, o que você pode falar pra gente?
A Despedida é baseado na história do meu avô. Ele, aos 92 anos, resolveu se despedir da vida. Já estava bem velhinho, andava com dificuldade, usava fralda… Ele tinha uma ex-amante, ela morava longe, aí ele tirou a fralda, se arrumou sozinho e saiu… foi se despedir, ter uma última noite com ela.
Mas como você desenhou o roteiro?
No filme, a história é um pouco maior. Ele vai se despedir do amigo com quem brigou há muito tempo e procura para fazer as pazes. Existe uma conta pendurada em um bar que ele resolve pagar, tem também um momento com um neto…
O elenco tem dois nomes fortes, por características distintas, né? Nelson Xavier, conhecido por sua qualidade dramatúrgica, e Juliana Paes, atriz com um perfil mais pop, por conta das novelas…
É, sim, mas ela está bem pra caramba. A galera que já viu, gostou e elogiou muito. Ela fez questão de fugir dessa coisa da beleza e fez algo muito mais natural. Vai surpreender.
Além do papel da tal amante, ela teve algum outro envolvimento no projeto?
Não. Somente como atriz.
E a distribuição?
Não tenho pretensão de fazer uma bilheteria absurda, porque é um drama, é mais difícil mesmo. Por isso vou tentar distribuir diretamente, eu sozinho. Vou contratar uma distribuidora, mas para funcionar num modelo diferente, com a receita do filme vindo para a produtora. Vou tentar esse modelo.
E quer dizer que você vem aí também com um faroeste?
É. O Caçador vai ser um western, um faroeste no interior de Pernambuco, tem essa coisa do cangaceiro, vai ficar bem legal e estou aqui trabalhando o projeto.
Estou vendo aqui que o elenco tem um nome bem conhecido do grande público…
Pois é. O filme vai ser protagonizado pelo Seu Jorge, está todo mundo animado e a ideia é começar a rodar no ano que vem.
O que você pode adiantar sobre ele?
A história conta sobre um homem bruto, um matador profissional, que encontrou um menino abandonado no mato, o criou de uma maneira bastante selvagem, e quando esse garoto cresceu foi em busca de explicações para saber quem era o pai dele, já falecido e que o deixou sozinho novamente. Esse é o personagem do Seu Jorge, que vai narrando alguns detalhes da sua vida, quando menino.
Então teremos um faroeste brasileiro?
É. O personagem é bem bruto mesmo, tem um poder de matar grande e vai ter essa coisa do cangaço. Eu gosto de western. Assisti a esse The Salvation (2014) – longa do diretor Kristian Levring, exibido fora da competição – e adorei. Aliás, gosto do cinema dinamarquês, tem essa coisa brutal, umas imagens fortes que te surpreendem. Na cena inicial tem uma carruagem, os caras chegam e…
Epa! Olha o spoiler, ainda vou assistir…
(risos geral)
*Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival de Cannes 2014