Cannes 2014 :: Quentin Tarantino e os 20 anos de Pulp Fiction

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Roberto Cunha

Esta sexta-feira, 23, foi muito especial para os fãs de Quentin Tarantino no Festival de Cannes 2014. Escolhido para apresentar a cópia restaurada do clássico Por Um Punhado de Dólares (1964), de Sergio Leone, que será exibido no encerramento do evento, o diretor veio para o Palácio dos Festivais, deu autógrafos e tirou muitas fotos. Além de comemorar esse retorno do longa memorável em formato original, é tempos de saudar os 20 anos de lançamento de Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994), que ganhou a Palma de Ouro e será exibido de graça no Cinema na Praia.

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Em outras palavras, um dos diretores mais maluquetes da sétima arte estava aqui e conversou com os jornalistas numa entrevista divertida, com pinta de conversa, com ele falando sem parar e na maior naturalidade. Para ter uma ideia, quando cobrara a reação dele ao saber que Jean-Luc Godard disse que ele era um “homem vazio“, Tarantino disse ser um exagero, e só acreditaria se fosse dito pelo cineasta na cara dele. Abaixo, você tem um resumo do que foi dito e fotos de dois atores “ícones” de sua cinematografia, John Travolta e Uma Thurman, que vieram até aqui prestigiar o evento. Foi demais!!! ;)

Quentin Tarantino, Uma Thurman e John Travolta

PALMA DE OURO
O cinéfilo de carteirinha mais famoso do planeta não titubeou ao responder sobre a importância de ter ganho a Palma de Ouro. “É prêmio mais importante que já recebi na minha carreira. É um prêmio que dá prestígio. Ele ocupa um lugar de destaque na minha casa”, disse um bem humorado e despojado superstar.

 

O SUCESSO E AS COBRANÇAS
Sobre as eventuais cobranças, ele também foi direto: “Nunca senti pressão da fama ou do sucesso. Isso não existe para mim. Na verdade, quero que as pessoas esperem mais de mim. É um luxo saber que há pessoas que escrevem sobre o que faço e há gente esperando coisas novas de mim”, concluiu.

 

AVERSÃO A PRÓPRIA OBRA
Questionado sobre o fato de que alguns diretores afirmam não assistir aos próprios filmes por conta de erros cometidos ou algo do gênero, ele foi taxativo: “Eu sinto pena deles. Como não gostar do que você fez? Se você realmente acha que faz filmes de merda, pare de fazer cinema, porra!”.

Quentin Tarantino no tapete vermelho do Festival de Cannes 2014

TARANTINO VENDO TARANTINO
De volta ao tópico acima, outra pergunta que surgiu foi sobre com que frequência ele via filmes. Contou que tem uma coleção enorme de filmes, alguns em 16mm, e que tem um cinema de 35mm em casa. Mas quando pega um longa qualquer passando na TV, às vezes assiste um pedaço ou inteiro, como aconteceu recentemente com Kill Bill: Vol. 1 (2003), que viu novamente até os créditos finais.

 

A guerra está perdida” (Quentin Tarantino, sobre a exibição em digital)

 

O CINEMA ESTÁ MORTO
Antes da pergunta, Tarantino não mediu palavras quando o tema cinema digital veio à tona. Dono de mega coleção de filmes em película, ele credita ao cinema digital a morte do cinema tradicional: “Essa geração está perdida. Espero que as gerações futuras sejam mais inteligentes do que a de hoje, e percebam o que está sendo perdido com os filmes digitais”, disse na lata. Oferecendo a outra face, disse que o lado bom do digital é que um jovem tem chance de fazer um filme mais facilmente.

John Travolta, Uma Thurman e Quentin Tarantino

RESSURGINDO DAS CINZAS
Aproveitando que irá apresentar uma cópia em 35mm, restaurada, do clássico de Sergio Leone, seu ídolo, o diretor de Django Livre (2012) estabeleceu um curioso paralelo: “Tenho esperança que aconteça com a película o que está acontecendo com os discos de vinil hoje em dia”.

 

VERSÃO DO DIRETOR
De maneira quase debochada sobre a mania de alguns filmes retornarem com a “versão do diretor”, Tarantino disse, rindo, que a versão de diretor dele são as que as pessoas veem nos cinemas.

Quentin Tarantino na conversa com os jornalistas em Cannes 2014

DJANGO LIVRE DE QUATRO HORAS
Sobre o assunto comentado na pergunta anterior, revelou que tem cerca de 90 minutos adicionais de Django Livre e uma ideia que tem na cabeça é fazer um filme com quatro horas de duração, divididos em episódios de uma hora. “As pessoas vão adorar”, afirmou com um sorriso no rosto.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.

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