Após realizar alguns curtas-metragens e documentários para a televisão, Caru Alves de Souza, filha dos cineastas Francisco César Filho e Tata Amaral, leva às telas seu primeiro longa-metragem ficcional, De Menor (2014), filme que venceu o Redentor no Festival do Rio de 2013 (prêmio dividido com O Lobo Atrás da Porta), além de ter sido selecionado para os festivais de San Sebastián (Espanha), Toulouse e Biarritz (França). O entusiasmo de boa parte da crítica com o trabalho de Caru se justifica, sobretudo pela maneira inteligente e sóbria com a qual lida tanto com os sentimentos dos personagens quanto com a problemática social da violência, mais especificamente a do menor infrator. E o Papo de Cinema conversou com exclusividade com essa paulistana para saber um pouco mais a respeito da gênese do projeto e seu processo. Confira.
Como surgiu a ideia de De Menor?
Eu comecei a desenvolver o roteiro do De Menor a partir das histórias que minha prima Michaela me contava da época que ela trabalhava no Fórum de Santos defendendo adolescentes e crianças. Comecei a me interessar mais por esse assunto e a me aprofundar nesse universo a partir de então.
Como foi o trabalho com os atores, principalmente com Rita Batata, ela que centraliza quase todas as ações do filme?
Eu contei com a parceria de uma preparadora de elenco, a Marina Medeiros. Durante os ensaios a gente trabalhou basicamente o fortalecimento da relação entre a Helena (Rita Batata) e o Caio (Giovanni Gallo), entre o Juiz (Caco Ciocler), o Promotor (Rui Ricardo Diaz) e Helena, e entre eles e os adolescentes que passam pelo Fórum. Individualmente, conversávamos bastante sobre as intenções de cada personagem. A gente nunca ensaiou o roteiro, mas situações análogas. Só ensaiamos as cenas do roteiro no dia da filmagem. Todos o leram, menos os adolescentes, pois queria guardar um frescor maior para a cena e como eles não eram atores profissionais, queria que eles se apropriassem do “texto” com a maior naturalidade possível. Com a Rita, trabalhávamos “manualmente” a intenção de cada cena e o tom das emoções. Fazíamos isso diariamente, foi um trabalho artesanal mesmo.
Existe em De Menor uma forte sensação de que a justiça é fria demais para lidar com os dilemas humanos, com as complexidades inerentes à situação do menor infrator, por exemplo. Era sua intenção contribuir, de alguma maneira, para essa discussão?
Sempre foi minha intenção contribuir de alguma maneira para esse debate. O filme foi feito com dinheiro público, então, nada mais justo que eu o “devolva” para o público, para a sociedade.
Qual sua expectativa de público para De Menor?
Essa é a pergunta mais difícil de responder pois vivemos um momento ruim para o cinema brasileiro no que se refere à bilheteria. Desejo muito que as pessoas tenham curiosidade pelo filme e possam ir aos cinemas.
(Entrevista concedida por e-mail em Setembro de 2014)
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