Cineasta, desenhista, ilustrador. Alê Abreu nasceu em São Paulo no dia 06 de março de 1971, e aos 13 anos já estava inscrito no curso de desenho animado do Museu de Imagem e Som de SP. Formado em Comunicação Social, realizou alguns curtas-metragens, trabalhou com publicidade e estreou no cinema com Garoto Cósmico (2008), longa premiado em festivais no Brasil, Irã e Venezuela, entre outros. No começo de 2014 voltou às telas com O Menino e o Mundo (2013), seu mais recente trabalho, já exibido com sucesso no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Foi em um dos encontros com a imprensa para o lançamento desse mais recente projeto que o diretor conversou com o Papo de Cinema e revelou suas principais influências cinematográficas. Confira:
Qual seu filme favorito?
Essa pergunta sempre é complicada, mas preciso apontar para Stalker (1979), do Andrei Tarkovsky. Gosto muito da maneira como ele constrói a trama e seus personagens, no modo em que deixa claro como as coisas se formam a partir de uma roda de teses e antíteses, com uma coisa levando à outra. É mais ou menos o tipo de jogo que tento contar nos meus filmes. O Tarkovsky, pra mim, é um mestre que deixou um ensinamento único no cinema, foi o diretor que mostrou como essa arte é profundamente espiritual e que a gente precisa estar com os ouvidos abertos a isso. Eu me emociono quando falo do Tarkovsky, porque ele está muito próximo do meu cinema.
E entre as animações, você teria alguma favorita?
Tenho duas, na verdade, em ambas do mesmo autor. Assisti a Planeta Selvagem (aka Planeta Fantástico, La Planète Sauvage, 1973) quando tinha uns 17 anos, no Cineclube Elétrico, em São Paulo. Em situações assim percebemos o quão importantes são os cineclubes, pois esse filme jamais foi exibido comercialmente e eu, com menos de duas décadas de vida, tive acesso a ele e pensei: “puxa, olha como pode ser diferente fazer cinema de animação”! E isso porque até aquele momento eu só conhecida os filmes da Disney, ou os desenhos do Maurício de Souza. São obras que possuem, claro, o encantamento da animação, mas Planeta Selvagem me mostrou que existem outros níveis e outras leituras possíveis, me ensinou que essa expressão pode nos levar por outros caminhos. Com isso fui me aprofundando na obra do René Laloux, e depois descobri um filme chamado Os Mestres do Tempo (Les Maîtres du Temps, 1982), que também o assisti no Cineclube Oscarito, porque não tinha entrado em cartaz. Foi uma grande viagem pra mim, e pensei: “quero fazer filmes que sejam uma viagem, quero causar o mesmo impacto que esses filmes me causaram”. É isso que busco, isso é fazer cinema, ao menos para mim.
Dos últimos filmes que você assistiu, qual recomendaria?
O último filme que me marcou faz tempo… acho que a gente vai ficando mais velho e o ponteirinho mexe menos (risos). Mas o longa que, quando o assisti, me fez pensar muito, foi o Melancolia (2011), do Lars von Trier. Tu vê, já faz tempo, mais de ano, mas ainda está muito presente dentro de mim.
Se a sua vida fosse um filme, qual seria o título?
Sei lá, deixe-me ver… a minha vida já é um filme, e o nome é O Menino e o Mundo (risos).
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