Formado na Universidade de Washington, nos EUA, e em Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado, no Brasil, Ricky Mastro é Mestre em Cinema sobre Identidades LGBT pela Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo. Realizador na ativa há quase uma década, já produziu, escreveu e dirigiu onze curtas-metragens que circularam por mais de 200 festivais no Brasil e no exterior. Agora, ele se prepara para realizar seu primeiro longa-metragem, que se chamará Jogos da Mente e deve ficar pronto no ano que vem. Em 2014, uma das suas atividades de maior destaque foi ter sido convidado para participar do júri oficial da Queer Palm, o prêmio para o cinema gay oferecido durante o Festival de Cannes, na França. E entre uma atividade e outra, o cineasta parou para conversar com exclusividade com o Papo de Cinema. Confira!
Qual seu filme favorito?
Agora? Hoje? Tem certeza (risos)? Posso falar desse ano? Gostei muito do Party Girl (2014), que achei muito bacana e assisti em Cannes. Gostei também do Pride (2014), que foi o filme que premiamos com a Queer Palm. E tem o nosso Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), que foi uma das grandes surpresas deste ano. Claro, posso citar muitos outros, como o Mommy (2014), que ótimo. São apenas alguns dos títulos que assisti e que me tocaram de verdade.
Qual filme recente você recomenda?
Um filme recente que me encantou? Que tá no circuito comercial? Nossa, vejo tantos longas em festivais que acabo confundindo tudo. Mas vi há pouco um chamado Quatro Luas (Cuatro Lunas, 2014), que adorei. Não sei se vai chegar por aqui, mas quem conseguir ir atrás, vale muito à pena. Sabe, sendo cinéfilo e trabalhando bastante como júri ou em curadorias de festivais LGBT, acabo assistindo a muitos filmes de temática gay. O que se percebe, no entanto, é que há uma grande repetição de temas. E o Quatro Luas foge um pouco deste estereótipo. São quatro homens gays, porém cada um de uma idade, vivendo problemáticas que existem: na infância, na adolescência, na idade adulta e na terceira idade. O que me surpreendeu, no entanto, foi ter retratado estas quatro gerações com temas recorrentes que já tinha visto em outros filmes, porém de forma diferente. A mesma coisa aconteceu, por exemplo, com o Pride, que citei antes. Acho que é nisso que tá a mágica hoje em dia, você conseguir assistir às mesmas coisas, porém com abordagens, com maneiras diferentes de contar.
Qual o filme LGBT brasileiro que mais te marcou?
Nossa, citar apenas um é muito difícil – ainda mais porque conheço todo mundo dessa área! Não posso ficar de mal com ninguém (risos). Mas um que marcou minha infância foi o Asa Branca: Um Sonho Brasileiro (1980), do Djalma Limongi Batista. Sabe, ver o Edson Celulari daquele jeito, no campo, na tela grande, e eu uma criança… foi uma imagem muito forte. Uma coisa que a geração de agora tem, e que eu não tive, é essa oportunidade de se ver na tela. Por exemplo, quando assisti ao Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, do Daniel Ribeiro, enlouqueci! Pensei: “gente, como eu seria diferente que pudesse ter visto algo assim quando tinha 16 anos de idade”! Isso não existia. Então via os filmes brasileiros, como o Asa Branca, e achava a maior loucura! Era sobre futebol, mas tinha o cara pelado, me deixava com tesão… e o Edson tava na novela, mas também no cinema… essa é a magia do cinema, de poder te levar a um outro mundo!
Se a sua vida fosse um filme, qual seria o título?
Deixa eu ver… afinal, um título de filme tem que ser impactante, ainda mais sendo a minha história… Perfume de Mulher (risos)!
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