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Marcelo Serrado está de volta às telonas com o personagem que lhe tornou o queridinho da temporada televisiva 2011/2012. Crodoaldo Valério, Crô, para os íntimos, caiu na graças da população brasileira por conta do destaque na novela Fina Estampa. O sucesso foi tamanho que já em 2013 foi lançado Crô: O Filme, comédia com a assinatura do cineasta Bruno Barreto. A despeito da péssima recepção crítica, o longa-metragem foi muito bem, obrigado, no quesito bilheteria. Um milhão e seiscentos mil espectadores garantiram a sobrevivência da ideia de uma sequência. E agora ela se concretiza com Crô em Família (2018). Além da troca na direção – sai Barreto e entra Cininha de Paula – vários elementos mudaram. Por exemplo, situações antes importantes são totalmente ignoradas, principalmente por conta da tentativa de desvincular o protagonista da sua origem. Durante a pré-estreia carioca de Crô em Família, conversamos com Marcelo Serrado, que demonstrou carinho especial por essa figura extravagante que ele pretende eternizar e seguidamente reviver. Confira este bate-papo exclusivo no Papo de Cinema.

 

Como foi voltar a interpretar o Crô depois de tanto tempo sem vivê-lo diariamente?
Ele está no inconsciente do público. Até hoje as pessoas amam o Crô. Eu estava gravando no sertão da Bahia, um filme com Luiz Fernando Carvalho, ou seja, outra vibe, e me apontavam e diziam: “olha o Crô alí”. Ao mesmo tempo, não é um personagem que faço num seriado do Multishow. Mas ele é atual. Por exemplo, hoje vim de saia à pré-estreia. Um amigo meu perguntou por que viria de saia ao evento, e eu disse a ele que não enxergava o problema. Estamos em 2018, cara, vamos parar com isso. Qual o problema mesmo, né? O Crô é um gay divertido, inspirado num cara que vi numa boate carioca ao fazer pesquisa para a novela. Ele existe.

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Marcelo entre Tonico Pereira (E) e Arlete Salles (D)
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Para você, quais as diferenças básicas entre o primeiro e segundo filme?
Acho este mais popular. O primeiro fez um grande sucesso nas bilheterias, mas acredito que este chegue mais ao público do Paulo Gustavo, essa galera que desejo alcançar. O próprio Crô está mais humano, não tão preso ao que era na novela. A gente teve uma sacada ótima que foi trazer o Luís Miranda e o Marcus Majella. As cenas dos três são hilárias, né? Aliás, quero fazer um filme somente com os três personagens, chamado Sex and the Cílios (risos). As aventuras das bichas, começando em Miami. Elas chiquérrimas. Tenho muita vontade de fazer esse filme.

 

E a resistência da crítica ao Crô?
Você deve ter assistido ao filme na sessão com os críticos. Se assistir a ele com o público, certamente vai enxergar outro filme. Os críticos têm um olhar diferente. Fiz esse filme para o povão, para Inhaúma, Del Castilho (bairros do Rio de Janeiro). Quero falar com essa gente. Hoje em dia, você sabe bem como está o cinema brasileiro, não é? Nem as comédias estão passando de um milhão de espectadores. Precisamos de um sucesso para reverter isso. Vamos ver. Estamos fazendo de tudo. Temos de torcer para que esse filme dê certo.

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O que mudou com a entrada da Cininha de Paula na direção?
Primeiro, a Cininha é uma grande amiga. Tudo o que eu falava, ela escutava. E vice-versa. Temos uma troca muito boa, que não tem preço. E ela é uma diretora de comédia. Todas as coisas do Miguel Falabella, para mim o maior autor de comédia da Rede Globo, são comandadas por ela. É diferente do Bruno Barreto, que dirigiu o primeiro filme. Ele é um grande cineasta, mas não tem esse pé na comédia. Isso não é dele. O Bruno é ótimo para os filmes autorais, um grande diretor, mas a Cininha é popular. Não tiro o mérito do Bruno que, repito, é um grande cineasta, mas realmente, dentro do que queríamos, a Cininha é mais adequada. Cada macaco no seu galho, né?

 

E como se deu o trabalho com os novos integrantes do elenco?
Trouxe o Jefferson Schroeder, genial. Ele me ajudou muito fazendo uma ótima escada, tipo O Gordo e o Magro, sabe? A nossa escalação foi bem precisa. Olha o privilégio de ter a dona Arlete Salles, uma grande atriz, e o Tonico Pereira, uma figuraça, um gênio.

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Crô no palco com Pabllo Vittar e Preta Gil.

Havia uma vontade consciente de distanciar o Crô do que ele era na novela?
Com certeza havia essa intenção de desvincular um pouco. Estamos fazendo um lançamento grande, em cerca de 800 salas. É muita coisa. Então, a ideia eram realmente, desassociar do Crô de Fina Estampa. O personagem foi para um lugar diferente. É como se colocasse o Groucho Marx em outro filme.

(Entrevista concedida ao vivo, no Rio de Janeiro, em agosto de 2018)

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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