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Alexandre Soares é um sujeito de fala mansa e objetivos claros. Sempre que conversamos com ele ficamos com a sensação de que o Curta Taquary, evento do qual ele é diretor artístico e curador há quase 15 anos, está em boas mãos. Alexandre passa longe do perfil burocrata, sendo um apaixonado que resolveu arregaçar as mangas e realizar um evento de cinema numa região pouco assistida pelo circuito exibidor. Sua intenção inicial era revitalizar a sala de cinema de sua cidade, mas isso se transformou no evento que neste ano atinge a maioridade.

Conversamos remotamente com Alexandre para saber um pouco mais do que esperar do Curta Taquary 2025, evento que acontece de 16 a 22 de março em seis cidades do Agreste Pernambucano:  Taquaritinga do Norte, Poção, Jataúba, Brejo da Madre de Deus, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. No Papo de Cinema que você confere abaixo ele fala sobre os desafios e as sementes germinantes desse festival que leva cinema e conscientização social para a região do Alto Capibaribe.

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CURTA TAQUARY 2025: A CURADORIA

“O que temos visto é um número cada vez maior de filmes dirigido por mulheres e indígenas, mas principalmente exemplares vindo dos interiores do Brasil, das periferias. Isso é uma grata surpresa, pois eles trazem narrativas variadas, potentes e próximas do mundo real. Diferentemente da pegada dos filmes feitos por uma classe economicamente mais privilegiada, eles são ainda mais plurais e bonitos. Chegar a um número de 82 filmes para exibir em mostra competitiva é um trabalho árduo que nos deixa ansiosos e às vezes tristes por precisar deixar de lado coisas muito boas que lamentavelmente não conseguimos encaixar nos sete dias de exibição. E olha que temos filmes de amanhã, à tarde e à noite. É muito filme bom”, disse Alexandre.

CURTA TAQUARY 2025: AS SEMENTES PLANTADAS

O Curta Taquary tem como peculiaridade a atenção às causas ambientais. O plantio de uma muda de árvore nativa para cada filme submetido à curadoria é apenas uma das muitas coisas que seus organizadores fazem para que o evento de cinema também seja sobre preservar nossos recursos naturais. Mas, esse semeio também é simbólico, pois o Curta Taquary promove uma ação muito legal com as escolas públicas da região do Alto Capibaribe de incentivar a produção de filmes locais.

“Desde a primeira edição nos preocupamos com o aspecto formativo. Neste ano estamos percorrendo seis cidades do Agreste, da bacia do Alto Capibaribe. Lançamos uma ação que se chama Rio de Imagens. Nele, os alunos de escolas dessas comunidades recebem um material literário, poesias, literatura de cordel produzida por artistas da região, em sua maioria falando da preservação e da conservação do Capibaribe. Logo depois esses alunos são instigados a transformar essas histórias em audiovisual. Os filmes serão exibidos no festival, numa tela grande de cinco metros por três. E ainda fechamos uma parceria com a TV Pernambuco, emissora que abrigará em sua grade esses filmes com cerca de um minuto”, disse Alexandre.

Curta Taquary

CURTA TAQUARY 2025 COMO UMA ÁRVORE

 “O festival toma muito tempo de mim. Imagino atualmente o evento como uma árvore, o ser mais generoso que existe no planeta Terra, pois favorece todos os demais seres ao seu redor. Acredito que esse evento, atualmente na 18ª edição, é uma árvore em processo de fortalecimento, com raízes bem fincadas, dando frutos. Mas acredito que essas raízes podem ramificar ainda mais. Seus frutos podem ser cada vez mais saborosos e abundantes, chegando a mais pessoas. Com o vento e os pássaros levando, suas sementes podem chegar ainda mais longe”, disse Alexandre.

Se você quiser conferir a cobertura completa do Curta Taquary 2025, fique ligado no Papo de Cinema.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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