Jaden Smith está de volta ao lado do seu famoso pai, Will Smith, na ficção científica Depois da Terra, filme com direção de grife de M. Night Shyamalan, realizador do indicado ao Oscar O Sexto Sentido (1999). Pai e filho atuaram juntos pela primeira vez no drama À Procura da Felicidade (2006), e desde então o jovem astro marcou presença nas refilmagens de O Dia em que a Terra Parou (2008), ao lado de Keanu Reeves, e como o protagonista de Karate Kid (2010), em parceria com Jackie Chan. Em Depois da Terra, que estreia no Brasil no dia 07 de junho, a dupla dá vida a um relacionamento conflituoso que se desenvolve num mundo mil anos no futuro, após eventos cataclísmicos terem forçado a migração de todos os sobreviventes para outro planeta. Jaden interpreta Kitai, que leva uma vida à sombra do pai, um famoso guerreiro. Um filho ofuscado pelo brilho do pai famoso é uma realidade que o rapaz compreende como poucos. E entre brigas de cobras e a luta pelo futuro da humanidade, o rapaz concedeu essa entrevista, publicada pelo Papo de Cinema com exclusividade no Brasil, em que revela curiosidades dos bastidores e como é trabalhar ao lado de um dos maiores astros de Hollywood. Confira!
O que o atraiu na história de Depois da Terra?
O roteiro, que achei muito forte. E tive também uma grande identificação. Kitai, meu personagem, vive à sombra do pai; eu vivo à sombra do meu pai. Quando o filme acaba, ele diz: “Ei, pai, olha que eu fiz”. E quando fiz a última tomada, também disse: “Ei, pai, olha que eu fiz!” É a mesma história. Quando você assistir, vai estar seguindo a história do Kitai, mas, subliminarmente, também estará seguindo a minha história.
Você fez um treinamento físico pesado para Depois da Terra?
Fiz. Treinei durante quatro meses antes do início das filmagens e foi muito, muito difícil. Treinei corrida, salto, parkour, escalada, natação, tudo. Foi ótimo fazer todas aquelas acrobacias. E tive a oportunidade de fazer um monte de cenas loucas de ação. Felizmente, não tive nenhum ferimento sério. O parkour foi o meu favorito. Basicamente, precisamos correr, saltar e dar cambalhotas. É a arte da fuga e é muito rápido. Você desliza, escala, se agacha, escorrega. A ação deste filme foi uma loucura. Precisei correr muito. Por isso passei por um treinamento pesado de natação, corrida, escalada, um monte de coisas loucas de todo o tipo. E quando acabamos, eu tinha engordado 9kg e estava 10cm mais alto.
Você filmou na Costa Rica, que abriga algumas das cobras mais perigosas do mundo…
É, nós tínhamos até treinadores de cobras presentes no set. No começo, não sabia o que aqueles caras faziam. Pensava: “Falou, esses caras são legais”. Depois, os vi lutando, corpo a corpo, pra fazer uma cobra ficar no chão. Mas ficou tudo bem, meu pai estava comigo. Tinha certeza de que ele sabia que ficaria tudo bem. Em nenhum momento deixei de me sentir seguro. Estava usando o meu “uniforme de sobrevivência”, então, se tivesse que lutar com elas, lutaria! E com o meu pai, em tudo o que faz, sei que ele pensa em tudo. Então, se sei que é ele que vai fazer, vai ser demais, vai ser bem divertido. E foi assim com Depois da Terra.
Depois da Terra lida com a ideia do medo…
É, lida com a ideia de que o medo está no nosso cérebro — tipo, se você está se afogando, a sua mente lhe diz que é hora de ficar com medo, mas se simplesmente aceitar o que vai acontecer, dirá: ‘Não, não é hora de ficar com medo’. Antes, você dizia: “Ai, meu Deus! Estou me afogando, não consigo respirar, não consigo respirar”. Mas, na verdade, se quer vencer o seu medo, deveria dizer: ‘Peraí, não, tenho uma boa quantidade de ar nos meus pulmões. Acho que consigo chegar de volta até a superfície”. Seria a mesma coisa em algum lugar durante um incêndio. De cara, pensaria: “Ai, meu Deus!”, e sairia correndo direto na direção contrária ao fogo. Mas se me acalmar, poderia encontrar a saída. É com esse conceito que lidamos no filme.
Questões ambientais também perpassam a trama. O que você procura fazer em prol do planeta na sua vida diária?
Em casa, reciclamos. Faço compostagem de toda (sobra de) comida e enterro para enriquecer o solo. E só usamos garrafas de água de vidro. Em casa, usamos garrafas com tampas que são reutilizadas. Não usamos nenhum plástico. A gente recicla tudo, fazemos compostagem dos alimentos que não consumimos, temos energia solar em casa. Tentamos fazer o máximo possível, e gostaria de fazer mais para conscientizar as pessoas.
De onde vem isso? Da vontade de passar uma mensagem?
Sinto que o mundo precisa de uma voz neste momento. Estamos num momento muito sombrio. O mundo poderia usar uma voz na música, no cinema. Em tudo quanto é lugar, sinto que os jovens não se importam. Mas se tivéssemos alguém que estivesse disposto a dizer: “Ei, nós precisamos fazer alguma coisa quanto a isso”… Sinto que a gente pode realmente mudar o mundo. Eu me concentro mais no meio ambiente. Procuro ajudar o máximo que posso. E sinto que a gente pode encorajar as outras pessoas a fazerem o mesmo.
Você é bem diferente dos garotos da sua idade. Você se identifica com eles?
Claro, o tempo todo. Vivo andando de skate com os garotos do meu bairro. Sou bem normal (risos), adoro andar de skate.
De que maneira a dinâmica entre você e o seu pai mudou desde À Procura da Felicidade (2006) até Depois da Terra?
Em Depois da Terra, a colaboração foi maior. Foi mais aquilo que nós dois queríamos, e não [imita o pai], “Assim, assim, assim”. Neste filme, ele sabia que eu conseguiria aguentar certas coisas e que ele não precisaria estar presente o tempo todo. Mas em Karate Kid (2010), eu não era filho dele, mas ele também era produtor do filme, ou seja, estava lá 100% do tempo. Estava sempre lá, sempre me acompanhando, dizendo as minhas falas.
Qual foi para você a importância do seu desempenho em À Procura da Felicidade?
Senti que, depois de À Procura da Felicidade, podia me considerar um ator, porque meu desempenho naquele filme foi muito correto.
Qual é o seu filme favorito da filmografia do seu pai?
Eu Sou a Lenda (2008). Adoro esse filme, é demais. É assustador, curto muito esse tipo de coisa, mas também é muito quieto. É um filme muito bem concebido.
Você gostaria de trabalhar com a sua irmã, Willow?
Eu só trabalhei com a minha irmã musicalmente. Outro dia, nós compusemos uma música, intitulada “I Love You”. O lance da Willow é que ela gosta de compor canções, mas vocês talvez nunca ouçam nenhuma delas. Ela pode preferir guardá-las. Pode pensar: “Não quero divulgar isso agora”. Ela vai e volta, vai e volta. Mas, na boa, acho que tenho talento musical porque trabalho nisso todos os dias, todo santo dia, mas ela é o máximo. Ela é demais. Se você ouvisse as letras dela e o modo como canta, é simplesmente demais.
Com quem você gostaria de trabalhar?
Eu trabalharia com qualquer um. Se você tiver um bom roteiro, trabalho com qualquer um. Adoro o Leonardo DiCaprio, adoro Joseph Gordon-Levitt. Chloë Moretz é demais também. Tem muitas pessoas diferentes com quem tralharia. Estou muito aberto.
Qual a melhor dica de interpretação que você já recebeu do seu pai?
Provavelmente, “Mantenha-se na cena”. Você deve sempre se manter na cena.
Às vezes, é difícil ser filho de pais famosos?
Você vive sendo perseguido pelos paparazzi e é criticado a cada passo que você dá, mesmo que só tenha 14 anos e esteja tentando frequentar a escola. Eles inventam histórias sobre a gente, dizendo que está fazendo coisas horríveis que nunca fez. Mas supero isso. Gosto de andar de skate, fazer música e escrever poesias.
(Entrevista editada por Robledo Milani em 29 de maio de 2013)
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