Fora as crianças, talvez a integrante do elenco de Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano (2018) que demonstrava mais empolgação na pré-estreia do filme, evento lotado de gente, que aconteceu na manhã deste sábado, 8, num shopping da zona oeste do Rio de Janeiro, era Fabiana Karla. Voltando a fazer algo direcionado ao público infantil, ela interpreta a bruxa Mínima, personagem inequivocamente maléfica que faz de tudo para ajudar o irmão a conseguir uma poção a fim de retardar o envelhecimento. Fabiana é uma entrevistada intensa e verborrágica, que transmite vigorosamente seu envolvimento com a produção, com a mesma energia das revelações acerca das inspirações à composição dessa figura vilanesca. Sem mais delongas, vamos ao nosso Papo de Cinema exclusivo com Fabiana Karla, a intérprete da feiticeira Mínima em Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano.
O quão divertido foi interpretar a Mínima?
Muito divertido. Não consigo mensurar a minha alegria por estar fazendo novamente algo para crianças. Meu último trabalho a esse público tinha sido o DVD Par ou Íímpar, do Kleiton e Kledir. Maravilhoso. Inclusive, ganhou prêmio da música brasileira. Eu estava nessa vibe, tinha acabado de escrever meu livro infantil chamado O Rapto do Galo. O filme foi uma ótima oportunidade para reconectar com esse público que, aliás, me acompanha desde o Zorra Total.
E como foi a produção?
A arte do filme tirou uma onda, né? Sempre vou aos parques temáticos fora do país. Nossa produção não deixa nada a desejar, se comparada a esses parques. O filme não imita, é bastante original. Sou uma pessoa de caracterização, gosto de ter artifícios para trabalhar. A Vivi (Vivianne Jundi) tem uma direção dulcíssima. E contracenar com o Diogo Vilela…meu Deus, realizei um sonho.
Aliás, como transcorreu o trabalho com ele?
O Diogo é um parceiro que quero para vida. De alguns colegas gostamos apenas para trabalhar. Tem gente que apreciamos somente na vida, com a qual não gostaríamos de interagir profissionalmente. O Diogo eu quero para tudo. Nos identificamos, rimos e trocamos bastante. E, nossa, que crianças talentosas. Que set gostoso. Claro, não é fácil, já que a pós-produção é muito pesada.
Em que sentidos trabalhar com efeitos complica o processo?
Há coisas muito milimétricas. Enquanto atuamos, precisamos respeitar marcas bem precisas. É uma colher que depois soltará raio, é um olho de boneco que se mexerá. Esse processo certamente me tornou apta a trabalhar em outros com semelhante nível de exigência. Com efeitos realmente é mais difícil por isso. Tenho certeza que agora vamos colher frutos dessa rica experiência.
Onde você foi buscar a Mínima? Quais foram as inspirações?
Busquei a Mínima na minha infância. Me inspirei um pouco na Cuca (de O Sítio do Pica-pau Amarelo). Quis fazer realmente uma vilã. Atualmente, há valores muito distorcidos. Os vilões estão ficando simpáticos, vide a saga Meu Malvado Favorito. Acho que isso confunde um pouco. Queria deixar claro que o bem vence o mal. Sempre tendo a ser fofinha, mas me policiava para que a Mínima fosse, de fato, uma vilã. E o mundo não pode ser legal com quem não é legal. Claro, deixei que a direção me mostrasse onde estava pesando a mão eventualmente. Adoro trazer à tona o vilanesco, até porque me identifico nada com ele.
Qual a importância de filmes como DPA, levando em consideração, principalmente, a formação de público?
Total importância. É um filme que vai encontrar um público sedento. Quando éramos crianças, aguardávamos os longas dos Trapalhões. Eu adorava, assisti em looping no Cinema São Luiz, no Recife. Com o DPA, estamos resgatando esse tipo de olhar infantil. A série é ótima para fisgar essa criançada que precisa se habituar desde cedo ao cinema brasileiro.
(Entrevista concedida ao vivo, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2018)
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